Por René Ruschel, jornalista
Erasmo Carlos foi meu grande ídolo na infância e adolescência. Era o tempo da Jovem Guarda. Um ícone que deixou sua marca para eternidade. Na juventude trilhei outros caminhos, a MPB e Bossa Nova, mas nunca deixei de acompanha-lo, mesmo que de soslaio.
Tive a oportunidade de encontra-lo duas vezes. A primeira, no elevador de um hotel. A porta quase fechada quando ouço uma voz alarmada gritar “segura, segura”. Segurei. Para minha surpresa entra um gigante de quase dois metros esbaforido, sorrindo e dizendo “obrigado bicho!”. Contou que estava exausto. Duraram poucos segundos. Na saída, me deu um abraço, agradeceu outra vez e se despediu com um sorriso.
A segunda foi poucos meses antes de sua morte em um show no teatro Araújo Viana, em Porto Alegre. Estava abatido pela covid-19. Foi seu retorno aos palcos após a pandemia. Pediu à plateia que cuidasse e tivesse paciência com as crianças. Falou da importância do amor e da solidariedade. Parecia pressentir que seus dias se abreviavam.
Nosso último encontro foi quando assisti ao filme “Ainda Estou Aqui”. Enquanto os créditos subiam na tela o ouvia cantar “É preciso dar um jeito, meu amigo”. A música explodiu nas plataformas. Hoje são mais de 125 mil acessos diários.
Se estivesse vivo, o Tremendão estaria sentado na poltrona de uma sala de espetáculo qualquer com um saco de pipoca nas mãos cantarolando baixinho sua obra prima, “eu cheguei de muito longe e a viagem foi tão longa”. Certamente também iria se emocionar no filme e derramar algumas lágrimas, como aconteceu com a plateia no escurinho do cinema.
Se ainda não conhece ou se quer ouvir novamente a música, clique e ouça.
Título do post do Bem Blogado, baseado na letra de “A Carta”, grande sucesso de Erasmo Carlos de autoria de Benil Santos e Raul Sampaio