Por Adriana do Amaral, jornalista
Nessa lida cidadã pela redemocratização do Brasil, tornei-me espectadora assídua das lives do presidente Lula. Hábito cultivado desde que ele tomou as redes sociais, ainda no período pandêmico, pré-eleitoral.
Confesso, agora, que não consegui ouvir integralmente certas falas, de alguns líderes sindicais, durante o encontro de quarta-feira (18).
Companheiro Washington, da luta e lida pela comunicação sindical, popular e comunitária, editor deste BemBlogado portal de esquerda, permita-me desabafar. Muitos não irão gostar do que lerão aqui.
Permita-me citar Gramsci que nos lembra importante do papel dos intelectuais orgânicos, tal Lula. Aquele que odiava os indiferentes.
Sou defensora do movimento sindical, do engajamento do trabalhador através da luta dos sindicatos de classe. Inclusivo, contribuo mensalmente com o meu.
Porém, muito da liderança está ultrapassada ou demasiado comprometida com interesses tantos, muito além da questão dos dos trabalhadores. Parece que o tal monstro chamado mercado aprendeu a dominar as negociações.
Como jornalista, atuei no jornal diário, científico, institucional e sindical. Depois, voltei à universidade. Pesquisei a comunicação sindical no contexto da Reforma Trabalhista e da precarização do trabalho e atualmente estudo o labor das mulheres imigrantes latino-americanas em São Paulo.
Cada etapa da minha vida profissional foi importante, pois me ajuda a relacionar as nuances da relação capital/trabalho, direitos/negociação, saúde laboral etc. Trabalhei com públicos distintos, como “comunicadora”, mas informar e, sobretudo, ouvir os trabalhadores da base da pirâmide social me foi particularmente uma escola. Ainda hoje, passados quatro anos, ainda mantenho muitos em minha rede de relacionamento.
Por isso, não gostei das falas em tom de discurso. Remeteu-me quando testemunhei alguns deles esticar a negociação com o presidente que negociou o golpe a a Reforma Trabalhista, que ceifou os nossos direitos. Exatamente quando voltei aos estudos formais.
Na época, dizia-se que os sindicatos teriam de ser reinventar. Enquanto alguns fecharam as portas ou foram engolidos por outros, muitos demitiram. E os jornalistas sindicais não foram poupados, aproveitando o boom das mídias sociais para extinguir os jornais, que implicam em custos, mas que passavam de mão em mão e seguiam para as casas e comunidades, estimulando o acesso à informação.
Sinto que apenas o Presidente Lula tem a capacidade, competência e paciência para desentornar esse caldo. A quem se interessa pelo tema, peço que leiam Vito Giannotti e se atualizem com a jornalista Claudia Santiago, do Núcleo de Comunicação Popular. Ela mantém o acervo e segue o seu legado do companheiro de vida.
Falar ao trabalhador não é fácil como parece. Trabalhar com líderes sindicais é mais árduo do que se imagina. Mas, o mundo do trabalho é indescritível como experiência profissional e de vida.
Lembro-me das mais antigas e recentes assembleias dos trabalhadores. Para mim, uma oportunidade de diálogo ímpar na “Ágora” moderna e que, em muitos casos, foram transferidas para territórios patronais.
As respostas estão nos anseios deles, muitas vezes calados em suas arguições reivindicatórias. É urgente resgatar o ideal do #trabalhodecente e as diretrizes da #agenda2030.
Haveria muito a ser dito, mas resumo com a fala do Papa Francisco, que defende os sindicatos fortes. Sim, ainda acredito nos sindicatos.
Minhas dissertação de mestrado foi dedicada ao presidente Lula.
Para quem tiver paciência, segue o link: