O tamanho do buraco que a educação precisa preencher

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Por Maíra Carnevalle, no Facebook

Um dos maiores problemas da atualidade é ignorar a complexidade da vida. E complexidade (as coisas estão intrincadas, afetam umas às outras) é diferente de dificuldade (aquilo que é difícil pode não valer o esforço da tentativa de compreender).




“Bandido bom é bandido morto…” Tá, mas qual bandido? Aquele cara que roubou um alimento e também aquele que estuprou e matou? Tudo igual, bota na cadeia, pena de morte, arma a galera e atira? Ou o problema é mais complexo, cheio de camadas e merece um pouco mais de atenção, estudo e múltiplas ações?

“Não precisa de cota, bolsa nem nada! Tem aquele meu vizinho que subiu na vida mesmo sendo pobre, favelado, negro e homossexual!” Tá, que bom, o cara mereceu, mas será que todos poderiam fazer o mesmo? Tem espaço aí em cima pra todo mundo, ou a coisa é mais complexa, histórica, ancestral?

“Vamos acabar com a Amazônia, com os índios, com tudo! Pra que se preocupar com floresta quando tem gente precisando trabalhar e a única forma que encontra é derrubar árvore?”. Bom, essa aí eu não vou nem comentar porque precisa umas aulinhas de Ecologia…

“Esse povo cheio de mimimi, onde já se viu, no meu tempo a gente zoava o gordinho, o nerd, o gay, a sapatão e ninguém morria não! Formava caráter!” Legal, que bom que muita gente sobreviveu a isso, mas será que todo mundo tem a mesma estrutura psicológica, a mesma força, o mesmo apoio de outras pessoas? Ou há aqueles cujos efeitos desse desrespeito são catastróficos a ponto de fazer desistir da própria vida? Será que todo o planeta pode ser comparado ao universo da sua antiga 6ª série? Ou as pessoas são mais diversas, e precisamos pensar num coletivo maior?

Quero dizer que entendo de onde vem essas falas, porque se olhar na superfície, parece que é certo. Só que TUDO É MUITO MAIS COMPLEXO do que o nosso minúsculo campo de visão alcança. E viver em sociedade é tentar enxergar além do umbigo. É conceber que pode não ser o melhor pra mim, mas é o melhor para a raça humana como grupo. Sim, é tentador e fácil, muito mais fácil, juntar os problemas num saco e tratar como igual, “mudar tudo isso daí”. Dá menos trabalho.

Pensar a complexidade é chato, trabalhoso, exige tempo e dedicação. E temos preguiça… Daí que a gente vê o tamanho do buraco que a educação precisa preencher.

No dia em que eu não tiver mais nada para aprender, no dia em que eu desistir de crescer, melhorar e mudar meus pontos de vista se achar que vale a pena, nesse dia eu não tenho mais nada pra fazer nesse planeta.

Boa sorte pra nós!

 

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