Por João Tavares, jornalista –
O Samba era o dom de Wilson das Neves. O Império Serrano sua paixão e os palcos era onde desfilava sua arte e realeza. Um talento sem igual como baterista acabou ofuscando o cantor de primeira. Seus CDs autorais – hoje está na moda dizer ‘autorais’ – comprovam se tratar de uma das mais bonitas vozes da Música Popular Brasileira.
Tocou com uma plêiade – hoje não está na moda dizer ‘plêiade – de artistas. Nas últimas seis décadas, o que tem de mais relevante entre os artistas brasileiros teve o requinte da companhia, eventual ou permanente, da bateria de Wilson das Neves.
Com Chico Buarque tocava a décadas. Aliás, o próprio Chico é quem corrige e diz que “já tem uns 40 anos em que sou crooner da banda de Wilson das Neves”. Nos shows ele saía da ‘cozinha’ e em duetos memoráveis (‘Sem Compromisso’, ‘Deixa a Menina’, ‘Sou Eu’, ‘Teresa da Praia’) roubava a cena e botava a ‘chefia’ para dançar.
Os amigos sempre se preocuparam com a saúde de Das Neves. Com colesterol acima da média, certa época, contou com ajuda de dois amigos e passou a tomar regularmente o PPG, remédio cubano que a ciência brasileira faz muxoxo, mas de capacidade terapêutica comprovada em diversos países. Este ele tomou com gosto, principalmente ao saber que o efeito colateral do mesmo era semelhante ao do viagra.
Wilson das Neves encantou-se na madrugada deste sábado. Uma voz que o vento não leva, uma obra que o imortaliza. E ‘das Neves’ deixa para a posteridade, através do bisneto homenageado, o seu testamento musical em canção letrada recentemente pelo parceiro Chico Buarque. ‘Samba para João’ é o legado deste artista que tinha o samba como dom e a bateria como vida.
Ô sorte!!!
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