Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, texto extraído do Facebook
Sempre achei Faustão um mala, aquele metido a engraçadinho de boteco que enche o saco com piadas chatas. As únicas vezes em que perdi tempo com ele foram por uma causa justa: em décadas diferentes, dois de meus filhos adoravam as “pegadinhas”, riam muito com os tombos e patetices exibidos. Ponto. Acompanhei de longe a polêmica sobre a “velocidade” do transplante de coração do apresentador. Desconfiei, agora vejo que sem razão nenhuma, de uma carteirada na fila de espera por um coração novo.
Mas os anos de vida me ensinaram, finalmente e ainda bem, a ter cautela antes de emitir opiniões ou juízos. No mesmo dia do transplante de Faustão, as explicações sobre o mecanismo aplicado na escolha de quem vai ganhar coração novo já me convenceram totalmente, enquanto as redes sociais eram inundadas da leviandade que “rico fura até fila de transplante”.
Descobri que o SUS opera com rigor absoluto na hora de estabelecer prioridades. Me auto agradeci por ter sido cuidadoso e não sair atirando. Foi prestado, por quem criticou tão apressadamente o SUS e a própria família de Faustão, um enorme desserviço a uma causa nobre, desestimulando até o ato generoso de doar órgãos a quem tem neles a chance de prosseguir vivendo.
É espantosa a rapidez no gatilho de tanta gente que escreve ou se manifesta sobre coisas importantes sem saber do assunto ou medir as consequências do seu ato. Pena, muita.
Que o Faustão tenha muitos anos para contar suas piadas chatas e que seus familiares possam desfrutar esses momentos junto a quem amam.
Viva a vida e a seriedade do SUS.