Por Paulo Frateschi, fundador e militante do Partido dos Trabalhadores
Carlinhos* conta que a origem da palavra “sincera” vem do antigo teatro grego. Os atores usavam máscaras de cera nas apresentações para acentuar as expressões. Com o tempo e o avanço da arte, o elenco passou a se apresentar sem esse artifício cênico. Assim as apresentações passaram a ser anunciadas nas cidades, pelos atores, que o espetáculo seria na “sincera”, ou seja, sem as máscaras, e os espectadores poderiam apreciar os movimentos faciais do elenco. Ciro Gomes faz o movimento inverso.
Mesmo com todos os seus erros, recalques e ressentimentos políticos ele se apresentava sem máscara: suas pretensões intelectuais; o pedantismos de um político nascido em PINDA (Pindamonhangaba-SP) que sonhou dominar o nordeste, o Brasil, o mundo e quiçá a galáxia; a fantasia da infalibilidade administrativa; a postura do coronel sempre disposto a julgar.
Tá bom vai! Um tanto patético, porém um bufão sem máscaras. Sinceramente ele se achava o melhor dentro do sistema.
Vai daí que aparece um intelectual universitário “americano”, Mangabeira Unger, nascido no Rio de Janeiro e convence o “trabalhista” que ele será o candidato antissistema e que o eleitorado (principalmente o evangélico emergente sem representação política), está mesmo é a procura desse personagem (veja em Ciro Games com Mangabeira Unger em 11/01/22 no YouTube).
Os marqueteiros, encantados com o achado tático/teórico, correm a procura de um manequim “rebelde com esperança” para vestir o candidato.
Um político com currículo, já foi prefeito, governador, ministro de estado, deputado e que já integrou as fileiras de 6 partidos legais da direita, do centro, da centro esquerda e da centro direita, tudo dentro do sistema.
A equipe de produção compôs um jingle “paródia” e, para acompanhar, desenharam uma máscara fora da ordem e da peça. Assim abandonou a chance de uma apresentação sincera.
Será que o eleitor vai comparecer e prestigiar essa farsa?
*Carlinhos foi um grande personagem da cena cultural de Olinda e Recife. Seu nome é Carlos Bezerra Cavalcante. Minhas sinceras homenagens ao boêmio/historiador.