Por Ademir Assunção, jornalista e poeta –
Não foi só a ex-presidente Dilma Rousseff que aguentou firme a covardia hedionda da tortura. Muitos e muitas suportaram. Muitos e muitas morreram sob tortura e tiveram seus corpos enterrados clandestinamente ou incinerados no forno da usina Cambahyba, em Campos de Goytacazes (RJ).
O deputado valentão Daniel Silveira, que se projetou na política por sua truculência e defesa da tortura, não suportou 48 horas de prisão. Borrou as calças e se humilhou com um esfarrapado pedido de desculpas por sua habitual violência. De bitpull irado passou a manso poodle de apartamento.
O valentão Daniel Silveira é um legítimo representante da “nova política” que ganhou força com as jornadas de 2013: destemperados que defendem abertamente a prisão, a tortura, o assassinato e a ditadura militar.
Totalmente analfabetos políticos, ignoram que a própria ditadura militar não fazia propaganda de seus “feitos” – ao contrário, os generais procuravam esconder que estavam prendendo ilegalmente, torturando e assassinando, pois sabiam que estavam cometendo crimes. Crimes, aliás, que ficaram impunes.
Mas os desmiolados representantes da “nova política” – afinados com o atual Presidente da República, que já defendeu o assassinato de pelo menos “30 mil pessoas, começando por FHC”, em vídeo gravado (prova inequívoca) – parecem não entender que prisão ilegal, tortura e assassinato são crimes. Crimes hediondos. Crimes contra a humanidade.
Daniel Silveira, ao sentir, pela primeira vez, o tamanho do pepino, arregou.
Não é motivo suficiente para dormir tranquilo e pensar que a mente desses torturadores e assassinos em potencial mudou da noite para o dia, nem que o Brasil pode respirar os ares da democracia sem nenhuma ameaça.
Mas que foi bonito ver um valentão borrando as calças, ah, isso foi.