Por Janderson Lacerda, compartilhado de Jornal GGN –
Desculpe-me aqueles que acreditam em coaching, mas nada é tão eficaz como a metodologia de um Garçom.
Peço desculpas ao meu analista, mas o único profissional que sinto falta nesta quarentena é o Garçom! Se Freud sabe explicar, o Garçom é capaz de compreender!
É ele que nos recebe para comemorar o aniversário, a chegada do primeiro filho, o diploma universitário. O Garçom se alegra com as nossas conquistas, mas, também, oferece apoio na hora da tristeza. Como curar a dor de cotovelo sem o tratamento terapêutico de um garçom?
O Garçom ouve, sem julgamentos, nossas confissões e, ainda que não possa perdoar, oferece a dose certa para o esquecimento e autoperdão. A propósito, o Garçom é um ser tão evoluído que serve a todos sem fazer distinção ao credo religioso, time de futebol e orientação política. Como cantava o filósofo Reginaldo Rossi: “Garçom, no bar, todo mundo é igual”. Neste santuário de embriaguez todos são iguais, até mesmo aqueles que acham que são melhores. E é exatamente assim que o Garçom nos trata: com igualdade!
O Garçom desempenha diversas funções e não é remunerado por nenhuma delas. Desculpe-me aqueles que acreditam em coaching, mas nada é tão eficaz como a metodologia de um Garçom. Alias o que seria de diversos profissionais sem um bom Garçom? O que seria do jornalista sem a principal fonte, o Garçom?
Se tudo isso não for suficiente saiba que o Garçom é capaz de compreender e desculpar a importunação de qualquer bêbado, seja ele chato e valente ou chato e deprimido. Ele perdoa a avareza daqueles que se recusam a oferecer uma misera gorjeta e, mesmo assim, segue a rotina de trabalho até que o último gole, às 5h54 da manhã, seja dado. O Garçom não manda ninguém embora, mas, ao contrário do que faz, é posto na rua pelo patrão sem aviso prévio e sem perdão. O capitalista que enriquece através dos serviços prestados pelos trabalhadores não valoriza o maior dos servidores: o Garçom!