Por Victor Farinelli, compartilhado da Revista Fórum –
Entidade comandada por Luis Almagro tem se caracterizado por tomar posições polêmicas nos últimos meses: apoiou o golpe na Bolívia, forçou saída do brasileiro Paulo Abrão da Comissão de Direitos Humanos e agora aceita um olavista para um alto cargo
A OEA (Organização dos Estados Americanos) ganhou nesta semana um novo funcionário. Se trata de Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, e que também abandona um cargo no governo de Jair Bolsonaro – ele é assessor especial da Presidência da República, e fez vídeo com o presidente nesta terça-feira (15) anunciando que está de mudança e se despedindo do chefe.
Assim como Abraham, Arthur Weintraub é um olavista de extrema-direita e feroz crítico do multilateralismo (ou do “globalismo”, como prefere chamar). Curiosamente, os dois irmãos agora trabalharão em órgãos multilaterais, e na mesma cidade – a sede da OEA, fica em Washington, mesma cidade onde está o Banco Mundial, onde Abraham trabalha desde julho passado.
No vídeo com Bolsonaro, Arthur Weintraub não especificou que cargo assumirá na OEA, se referiu apenas que seria um posto na área jurídica da entidade.
“Estou triste porque vou deixar o cargo, aqui, de assessor do presidente Bolsonaro. Quero dizer para ele que foi uma honra, de coração, foi uma honra ter trabalhado com o senhor, essa oportunidade que o senhor me deu. Estou indo para a OEA, cargo de direito, na área do direito”, afirmou o olavista, em sua despedida.
Com a chegada de Weintraub, a OEA reforça ainda mais o perfil de extrema-direita que o diplomata uruguaio Luis Almagro tem imposto na entidade, não só pelos nomes que a compõem como principalmente pelas posições que vem adotando.
Por exemplo, em 2019, o órgão foi partícipe do golpe de Estado na Bolívia, ao produzir um questionadíssimo informe das eleições de outubro (vencidas por Evo Morales), usado como argumento pelos militares para derrubar o governo e, em seguida, perseguir opositores da ditadora Jeanine Áñez.
No mês passado, Almagro se negou a aceitar a reeleição do brasileiro Paulo Abrão, que havia sido eleito por unanimidade como presidente da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos). A decisão gerou repúdio de várias entidades de direitos humanos em todo o continente.