OMS declara mpox como emergência em saúde pública global; saiba o que isso significa

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“Não há motivo de alarme, mas de alerta”, afirmou a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade

Compartilhado de Brasil de Fato




No Brasil, em 2024, foram registrados 709 casos confirmados ou prováveis de mpox, comparados a aproximadamente 10 mil casos em 2022 – Ernesto Benavides/AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) para a mpox, na quarta-feira (14). Não se trata de uma pandemia, como foi declarado para a covid-19.  

O alerta implica em uma resposta internacional coordenada para facilitar o financiamento ao combate à doença e o compartilhamento de vacinas, testes e tratamentos. Diferente, a pandemia se refere a uma disseminação global. 

Anteriormente, o nível de alerta para a doença havia sido declarado em julho de 2022. Em maio do ano seguinte, a organização reconsiderou o status diante da diminuição global no número de casos.  

Agora, a situação mais preocupante tem sido registrada na República Democrática do Congo (RDC), que já registrou aproximadamente 14 mil casos somente neste ano, incluindo 450 óbitos, de acordo com o último relatório do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças. 

Segundo a OMS, “o surto continua com um baixo nível de transmissão” fora do continente africano. “A detecção e a rápida disseminação de uma nova variante de mpox na República Democrática do Congo, a detecção dessa mesma variante em países vizinhos que não haviam reportado casos da doença anteriormente e o potencial de disseminação em toda a África e além são muito preocupantes”, disse Tedros Adhanom, diretor-geral da organização, nesta quarta-feira. 

“A OMS está comprometida em coordenar a resposta global nos próximos dias e semanas, trabalhando em estreita colaboração com cada um dos países afetados e alavancando nossa presença local para prevenir a transmissão, tratar os infectados e salvar vidas”, completou Adhanom. 

“Está claro que uma resposta internacional de forma coordenada é essencial para interromper esses surtos e salvar vidas. Uma emergência em saúde pública de importância internacional é o mais alto nível de alarme na legislação sanitária”, concluiu. 

Brasil  

No Brasil, o risco de contaminação é baixo. Em 2024, foram registrados 709 casos confirmados ou prováveis. A título de comparação, em 2022, foram notificados aproximadamente 10 mil casos. De lá para cá 16 óbitos também foram contabilizados, sendo a mais recente em abril de 2023.  

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que será instituído um Comitê de Operação de Emergência no país, envolvendo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conselhos de secretários municipais e estaduais de saúde. “Já estávamos acompanhando, tivemos reunião de especialistas há duas semanas, desde que começaram os casos e essa possibilidade [de disseminação da doença], e vamos analisar as questões como vacina. Não há motivo de alarme, mas de alerta”, afirmou a chefe da pasta, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (14). 

Sintomas 

A mpox é uma zoonose, ou seja, uma “doença ou infecção naturalmente transmissível entre animais vertebrados e seres humanos”, de acordo com a própria OMS. Isso significa que a transmissão pode se dar a partir do contato com animais silvestres, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados, como vestimentas, toalhas e roupas de cama. 

A mpox tem semelhanças com a varíola humana, que causou crises sanitárias no mundo todo por séculos, até que foi controlada pela vacinação na década de 1970.  

Entre os sinais da doença estão febre, dores no corpo e na cabeça, cansaço, gânglios inchados, lesões com feridas espalhadas pela pele, erupções cutâneas, calafrio e fraqueza. Os machucados causam dores e coceira e algumas manchas podem deixar cicatrizes.  

O sintoma mais característico da doença são as lesões, que podem ser planas ou ficarem em relevo sobre a pele, contendo líquido claro ou amarelado e podendo formar crostas. De acordo com a OMS, as erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés. 

Pacientes com a confirmação da doença devem se isolar e quem esteve em contato com essas pessoas também precisa de monitoramento. O período de incubação sem sintomas costuma durar de 6 a 13 dias, mas pode chegar até 21 dias.   

Vacinas 

No Brasil, o imunizante contra a doença foi liberado pela Anvisa em agosto de 2022 e começou a ser distribuído em março do ano seguinte. Conhecida também como Imvamune ou Imvanex, a vacina Jynneos é produzido pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic.  

Na época, foram compradas 49 mil doses. Reportagem do Globo de novembro do ano passado, no entanto, mostrou que até aquele momento cerca de 22 mil delas haviam sido aplicadas. De acordo com o Ministério da Saúde, havia pouca procura pelo imunizante. 

A pasta informou que, “caso novas evidências demonstrem a necessidade de alterações no planejamento, as ações necessárias” de imunização “serão adotadas e divulgadas”. 

Edição: Nathallia Fonseca

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