ação da PF acontece em meio à onda de violência policial no Estado e está relacionada às investigações sobre a delação do empresário Vinicius Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Por Plinio Teodoro, compartilhado de Fórum
na foto: PF prende policiais e delegado paulista com elo com o PCC.Créditos: Divulgação / DPF
A Polícia Federal prendeu um delegado e três policiais civil de São Paulo na Operação Tacitus, desencadeada manhã desta terça-feira (17) com o objetivo de desarticular uma quadrilha de policiais subordinados ao governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicano) que teria ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A ação da PF acontece em meio à onda de violência policial no Estado e está relacionada às investigações sobre a delação do empresário Vinicius Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Segundo informações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, o delegado Fabio Baena havia sido deletado por Gritzbach por extorsão e ligação com a facção criminosa.
Dois homens, ligados ao PCC, foram presos por participarem da execução do empresário no aeroporto.
Segundo a PF, 130 policiais federais, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo, dão cumprimento a 8 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.
“A investigação partiu da análise de provas que foram obtidas em diversas investigações policiais que envolveram movimentações financeiras, colaboração premiada e depoimentos. Tais elementos revelaram o modo complexo que os investigados se estruturaram para exigir propina e lavar dinheiro para suprir os interesses da organização criminosa. Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão”, diz a PF.
Delação
Gritzbach fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo em outubro, quando prometeu entregar esquemas de corrupção do PCC e de policiais civis.
O empresário acusou o delegado Baena, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de exigir dinheiro para não entregá-lo no assassinato de Anselmo Becheli, ao qual Gritzbach era apontado como o mandante.
Gritzbach foi morto no Aeroporto de Guarulhos ao retornar de uma viagem a Maceió (AL), com dez tiros de fuzil. O motorista do veículo Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, também foi atingido pelos tiros e faleceu após ser levado ao hospital.
De acordo com o boletim de ocorrência, Gritzbach levava uma mala com cerca de 38 objetos de luxo avaliados em mais R$ 1 milhão. Entre os itens, foram encontrados 11 anéis prateados com pedras rosadas e esverdeadas; seis pulseiras esverdeadas e douradas; dois colares prateados em forma de pingo e com pingentes; e nove pares de brincos com pedras verdes, azuis e prateadas. As joias tinham certificado de joalherias de luxo como Bulgari, Cristovam Joalheria, Vivara e Cartier.
Além das joias, também foram encontrados R$ 620 em dinheiro vivo, um relógio da marca Rolex e um celular e um computador da Apple. Ao todo, o valor dos itens ultrapassa R$ 1 milhão.
Em entrevista à Record, Gritzbach, relevou ao repórter Roberto Cabrini que temia pela própria vida e também que já havia sofrido dois atentados. A reportagem estava arquivada pela emissora desde fevereiro deste ano.
“Eu temo pela minha vida. Temo viver. Eu tenho medo de morrer, mas preciso me manter calmo”, disse na ocasião.
Lavanderia para o PCC
A Promotoria de São Paulo concluiu que Gritzbach cometeu crime de lavagem de dinheiro, utilizando transferências bancárias e imóveis para “limpar” recursos do tráfico de drogas e armas do PCC.
Em um dos casos, o empresário teria negociado uma casa de R$ 2,5 milhões, embora o valor real da transação tenha sido de R$ 6 milhões, conforme indicado em conversas interceptadas.
O assassinato de Gritzbach, ocorrido na área de desembarque do Terminal 2 do aeroporto, teria sido motivado por vingança, após suspeitas de que o empresário estivesse envolvido na morte de outros membros do PCC.