Tiroteio deixou três mortos e três feridos e provocou o fechamento da Avenida Brasil por mais de duas horas
Por Roberta de Souza, compartilhado de EXTRA
A porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Claudia Moraes, afirmou que a PM não tinha encontrado este tipo de resistência enfrentado na Cidade Alta, que fica no Complexo do Israel, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. Foram cerca de duas horas de intenso tiroteio, que culminou com dois mortos, quatro feridos, o fechamento da Avenida Brasil e de interrupção de transportes públicos. Equipes realizavam uma operação com foco em coibir o roubo de carga e de veículos, e, segundo a porta-voz, houve organização prévia, mas a ação estava “acima” do que normalmente se encontra nesta região. Uma viatura foi atingida com cerca de 20 tiros.
- ‘Muitas pessoas passando mal e em pânico’: Passageiras de ônibus relatam caos durante operação policial que fechou a Avenida Brasil
- Desespero: Vídeo mostra socorro a homem baleado em ônibus que passava pela Avenida Brasil; vítima morreu
— A PM atua com planejamento. A operação foi previamente organizada. O que os policiais encontraram naquela localidade foi algo que estava além do que normalmente encontrávamos nessa região. A gente não tinha dados de inteligência para essa reação — disse a porta-voz da PM.
Segundo a tenente-coronel, a retirada das equipes — que contavam com homens do 16º BPM (Olaria), do 3º BPM (Méier) e do 4º BPM (São Cristóvão) — foi necessária para manter a segurança da população do entorno, como de quem passava pela Avenida Brasil, importante via expressa.
— O recuo foi por entender que, naquele momento, o mais importante era manter a segurança de quem estava na avenida. Não foi porque não tínhamos condições de continuar. Mas considerando o que estava acontecendo naquele momento, a gente não poderia correr mais riscos. Essa decisão estratégica de recuar foi necessária, mas isso não quer dizer que a PM esteja fragilizada em relação ao tráfico de drogas ou aos criminosos dessa região — afirmou.
A tenente-coronel afirmou que a operação tinha como objetivo combater roubo de veículos e carga, a expansão territorial da facção e reestabelecer sinal de internet e telefone que foram cortados em razão da atuação criminosa. Ela também disse que o caos causado na Avenida Brasil não é o objetivo da Segurança Pública do Estado.
— Não há o que falar em sucesso quando a gente tem uma operação que termina com pessoas inocentes mortas. A gente está falando aqui de uma pessoa que estava indo trabalhar, que estava em um ônibus. São pessoas que não tem escolha e precisam passar naquele local.
Claudia Moraes destacou que as forças policiais encontraram dificuldade para entrar nas comunidades do Complexo de Israel devido a barricadas, que, numa mudança de estratégia, passaram a ser feitas em forma de valas cavadas, e não mais com obstruções. A ação é implementada pelos bandidos em vias de acesso para impedir a circulação de veículos. Além disso, segundo a porta-voz, os ônibus foram alvejados em ataques por parte de criminosos.
— Os criminosos vêm criando novas estratégias. Nós já vimos indivíduos descendo, parando ônibus, mas criminosos atirarem contra pessoas assim, a gente nunca tinha visto. É uma atuação de nível de terrorismo que leva pânico à população. Isso mostra o grau de complexidade que vamos enfrentar daqui para frente […] Se a gente leva mais tropas para aquela região, a tendência era agravar e ter mais resistência — disse.
Segundo a Claudia, uma das vítimas foi baleada quando um blindado da corporação passou na direção de uma entrada da comunidade. Ao notar a presença dos agentes, os criminosos atiraram contra a via, contou a porta-voz.
— A atuação dos criminosos foi para desviar a atenção. Provavelmente a Polícia chegou muito próximo de algum alvo que era estratégico e importante para eles — disse.