As últimas pesquisas presidenciais vêm provocando choro e ranger de dentes, mas ainda não dá para apurar se aumentou o pedido de vistos para Miami e não há notícias de corpos se projetando das janelas do Leblon e de Higienópolis. Por ora, não.
De todo modo, cresceu a taxa de irritação nos ambientes virtualmente derrotados, com a compreensiva exceção daqueles colunistas e comentaristas, regiamente cínicos, que fazem do antipetismo um lucrativo negócio de bajulação dos patrões. Para esses, a derrota será um magnífico presente.
O Bom Dia Brasil de segunda-feira 22, com o contundente reforço da incansável Miriam Leitão, reiterou a impaciência grosseira da falange dos vencidos. No Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff recebeu os, bem, entrevistadores, os quais, prostrados ante a evidência das pesquisas e extenuados pela candidata que se sentia em casa, decidiram externar seus pontos de vista, em vez de escutar os dela. “Minha querida”, teve de implorar a sabatinada, “deixa eu acabar de responder, pelo amor de Deus, porque o debate é comigo, né?”
Foi esse, o da descortesia simulando uma isenção que jamais teve, o tom da Globo nesta eleição presidencial. A convidada impertinente disfarçou com surtos de irritação a frustração pela derrota que se desenha. É o caso de se perguntar: por que escolheram outro candidato de oposição quando você tinha à mão a Miriam Leitão? Fica aqui a sugestão para a próxima.
*Publicado originalmente na edição 819 de CartaCapital, com o título “Erro de pessoa”