Por Paulo Moreira Leite para Brasil 247
A última esperança da oposição para colocar Dilma dentro do escândalo da Petrobrás e ganhar alguma energia na reta final da campanha reside num episódio de maio de 2012, quando o diretor Paulo Roberto Costa foi forçado a deixar a empresa.
Sempre se soube que Paulo Roberto saiu da Petrobras por determinação de Dilma Rousseff, e que a saída se resolveu numa audiência entre o ex-diretor e o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão. Dentro das conhecidas tradições do serviço público brasileiro, onde as rupturas e gestos grandiloquentes sempre são evitados, durante uma audiência, Lobão lhe deu a chance de pedir demissão. Paulo Roberto entendeu o recado e foi embora.
O esforço da oposição, na reta final de uma campanha cada vez mais favorável a Dilma, consiste em contar outra história.
Em vez de ser demitido, o próprio Paulo Roberto teria deixado a empresa por conta própria. Teria havido uma “renúncia.” A prova seria a carta de demissão.
É um dado importante, quando se recorda a sucessão de descobertas escabrosas que envolvem o ex-diretor desde que ele resolveu fazer uma delação premiada, entregando os milhões que escondia na Suíça e salvando a própria pele. A sugestão da oposição é óbvia: se foi conivente com a permanência de Paulo Roberto na empresa, por que Dilma não teria fechado os olhos para o que ele fazia com os bilhões de reais sob sua guarda?
O problema é que a saída de Paulo Roberto Costa da Petrobras foi relatada, em diversos detalhes, pelo próprio diretor, em 10 de junho, quando ele falou na CPI do Senado. Foi Eduardo Suplicy quem fez a pergunta. Na resposta, ele contou o que aconteceu. O depoimento ficou gravado pelo Senado, e você pode ouvi-lo clicando aqui.
O tom de Paulo Roberto, ao narrar sua saída a CPI, reflete a estratégia de sua defesa naquele momento. Narrar os fatos como se eles contassem a história mais natural do mundo, sem nada de errado, sem ilegalidades nem desavenças. Você ouve a gravação e quase acredita que ele e Lobão poderiam estar combinando um pique nique no próximo fim de semana. Coisa de profissional. A mensagem real era sair ou sair.