Os americanos estão prontos para uma guerra comercial contra a China?

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Na visão de Kenneth Rogoff, a dissociação econômica não é algo viável – mesmo que políticos defendam tal crença

Por Tatiane Correia, compartilhado de GGN




Photo by Karolina Kaboompics via pexels.com

A necessidade de barrar a influência chinesa nos Estados Unidos é um dos temas que mais divide a classe política norte-americana – contudo, não se sabe ao certo se líderes e a população estão preparados para as consequências econômicas de um protecionismo adotado em detrimento da segurança nacional.

Em artigo publicado no site Project Syndicate, o economista Kenneth Rogoff explica que uma crença predominante entre as autoridades é a de que o avanço das importações chinesas ao longo da década de 2000 comprometeu a base industrial norte-americana – tanto que muitos retratam o “Choque da China” como um erro que destruiu diversas cidades e ampliou a desigualdade.

Da mesma forma, atualmente um acordo entre os políticos e os comentaristas de que os Estados Unidos precisam evitar um “Choque da China 2.0” e, para isso, uma série de restrições e de tarifas mais severas devem ser impostas às tecnologias chinesas, como telefones celulares, drones e, crucialmente, os carros elétricos, painéis solares e tecnologias consideradas ecologicamente sustentáveis.

Entretanto, Rogoff afirma que a atual narrativa do Choque da China é “profundamente falha”, uma vez que o livre comércio criou mais vencedores do que perdedores.

“Além disso, os consumidores de baixa renda têm estado entre os maiores beneficiários das importações chinesas de baixo custo. Os políticos que acreditam que a redução do comércio com a China não vai gerar aumentos de preços e reações políticas significativas terão um duro despertar”, explica.

Como lidar com a questão?

Para o articulista, o impacto econômico das restrições comerciais dos EUA poderia ser reduzido por meio do redirecionamento das importações chinesas através de fornecedores de outros países, mas é difícil ver como isso seria popular entre os eleitores.

Ao mesmo tempo, seriam necessários anos para que os países “mais amigáveis” desenvolvessem as suas próprias bases de produção que pudessem competir com as da China, especialmente aos preços baixos oferecidos pelos produtores chineses – e em setores como os veículos elétricos, a vantagem chinesa é “quase intransponível” na visão de Rogoff.

“Idealmente, uma abordagem mais direcionada ajudaria a distinguir entre o comércio de tecnologias sensíveis e outros bens, mas fazê-lo é mais complicado do que muitos parecem imaginar (…)”, pontua o economista, destacando a convergência de tecnologias vista na guerra entre Rússia e Ucrânia. “Além disso, como demonstrou a pandemia de Covid-19, os EUA e seus aliados dependem de fornecimentos médicos chineses”.

Para o articulista, a dissociação econômica da China não é uma opção viável, mesmo que muitos políticos norte-americanos possam pensar o contrário, e os dois países devem fechar um acordo comum “se quiserem alcançar um crescimento económico estável, inclusivo e sustentável”.

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