Por Diego Caroli Orcajo, em Conti Outra –
De acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Sabe-se que cerca de 75% dos casos ocorre em países de rendas média e baixa.
Pessoas com idades entre 15 a 29 anos tem o suicídio como a segunda principal causa de mortes em todo o mundo, e, ao contrário do que se pensa, as taxas são maiores entre os que tem mais de 70 anos (percentualmente).
Andrew Solomon, em seu livro “O demônio do meio-dia” secciona os suicidas em quatro grupos. Oras, o título está errado então? Na verdade, não. Ao final do texto irei acrescer um grupo que – ao meu ver – é tão comum quanto os demais.
- O impulsivo: Tal indivíduo comete o suicídio sem planejamento algum. Frequentemente um único evento desestabilizante (perda de emprego; término de relacionamento; morte de um ente querido) faz com que, sem pensar no que está fazendo, a pessoa tire a própria vida. Uma característica importante deste grupo é que o ato ocorre de forma repentina, sendo muito mais imprevisível do que em qualquer outro.
- O apaixonado pela morte: Aqui, o foco principal não é fugir de nenhuma circunstância dolorosa, mas sim correr em direção à morte. A morte não é o meio, mas sim o fim. “O desejo não é alívio, mas sim destruição!”
- O que não vê outra saída: Este grupo comete o suicídio por uma lógica falha, na qual a morte parece ser a única saída para as circunstâncias às quais vem vivendo. O indivíduo costuma planejar todos os detalhes e avaliar a melhor forma de regressar ao estado inorgânico. Aqui existe uma quantia razoável de indícios, sendo eles: Melhora significativa do humor (como se houvesse se livrado de um imenso peso em suas costas); Reconciliações repentinas com familiares e/ou outras pessoas de convívio próximo; Organização de questões burocráticas (pagamento de dívidas; planejamentos referentes à herança); dentre outros. A crença primordial aqui é de que a morte irá melhorar sua condição, assim como a de seus familiares, que se verão “livres de um fardo” (percepção distorcida, na grande parte dos casos).
- O analista: Existe certa lógica racional por aqui. Tal pessoa – devido a doenças de prognósticos ruins; instabilidade mental; ou até mesmo por mudanças nas circunstâncias econômicas e sociais – realiza uma análise das dores e prazeres que a vida poderá lhe proporcionar neste novo momento. Ao final, chega-se à conclusão de que dar continuidade à existência não tem um custo x benefício que valha a pena.
- O que utiliza o suicídio enquanto ataque: Em alguns casos o suicídio não ocorre com a finalidade do autoextermínio, mas sim visando destruir alguém que permanece em vida. Frequente em adolescentes (principalmente homossexuais), o ato funciona como uma arma que fere por meio da “culpa”. Pais que rejeitam a condição de seus filhos e os oprimem em excesso costumam ser foco de tais ataques (a culpa pela rejeição). Também é comum em términos de relacionamentos extensos e/ou abusivos, tendo como finalidade a geração da “culpa pelo abandono”. Os danos causados por este grupo são maiores, visto que a desestruturação familiar é muito mais intensa devido à responsabilização que decai sobre um indivíduo em especial. É comum deixar pequenos escritos em locais estratégicos (como pequenos bilhetes, espelhos e etc) que indicam o possível “responsável”.