Por Luis Nassif, no Jornal GGN –
Maior referência brasileira nas ciências sociais, desde jovem Wanderley Guilherme dos Santos já tinha um profundo faro estratégico. É de 1962 seu famoso estudo prevendo todos os passos que levariam ao golpe militar de 1964.
Com o mesmo faro, ele desenvolveu o seguinte raciocínio para a jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor.
- Não há a menor dúvida de que o governo Temer será derrotado nas próximas eleições. Ele e seu campo.
- Não há candidato viável à direita, e não há nada que possa ser feito no curto prazo para tirar a profunda sensação de desconforto que toma conta da opinião pública. É só analisar o desespero de Fernando Henrique Cardoso lançando Luciano Hulck.
- Bastará, portanto, as esquerdas se unirem em torno de um candidato. Será como bater pênalti sem goleiro.
Em vez de se prepararem para as eleições, jogam todas as fichas em Lula, cuja candidatura vive o seguinte paradoxo:
- Lula se diz perseguido pela Justiça. Ninguém razoavelmente isento duvida disso.
- No entanto, deposita na Justiça a possibilidade de sair candidato.
Como assim? Monta-se uma estratégia em que o futuro das eleições passa a depender exclusivamente de um Poder que já deu mostras abundantes de ter lado – e não é o lado de Lula, nem das esquerdas.
Para se pensar.