Por Carlos Eduardo Alves, para o Bem Blogado –
Até o mais bobinho dos bobinhos sabe: passadas as eleições municipais, o governo Temer iniciará de fato a ofensiva contra os direitos assegurados pela Constituição de 1988. Previdência e gastos sociais (principalmente em Saúde e Educação) serão vítimas da fúria dos que patrocinaram o golpe. O mais sincero dos ministros, o da Saúde, não esconde que quer impor a usuários do SUS a transferência para os planos privados. Sabemos quem pagará a conta dessa desobrigação do Estado e, também, a qualidade do ¨serviço” que será prestado.
E o que a oposição e as vítimas do golpe estão fazendo? Fora manifestações episódicas, vive-se um clima de velório. É compreensível para o grosso dos que se sentem indignação e impotência diante do roubo de seus votos. Fato. Mas o que as direções partidárias, principalmente a do PT, estão fazendo?
Depois do lamentável namoro meio escondido com Rodrigo Maia, na eleição para a Presidência da Câmara, o PT envolve-se em estranhas alianças políticas, como em alguns casos no Maranhão. O pretexto? Tentar salvar o mandato de Dilma no Senado. Sejamos claros: nem a velhinha de Taubaté acredita que o Senado não consumará o golpe. Já o PT….
A eleição municipal está aí. É razoável, bem razoável, aliás, supor que a esquerda diminuirá bastante de tamanho. Vários fatores vão contribuir para o resultado previsível. Não cabe discutir o assunto aqui, que na verdade exige um tratado. Perder eleição é da conta do jogo democrático (menos para Aécio e os golpistas). A Política e a História, porém, não acabarão ali.
Pior, para quem precisa de Estado para sobreviver e ter sonhos de cidadania, é o assalto que virá logo depois das eleições. Haverá reação popular. Será a hora em quem discursos pelo “sacrifício necessário e temporário” não colarão no ouvido de quem for ao SUS e sofrer na carne doente o que Temer e seus patrocinadores perpetraram. Seria a hora mais necessária para ter alguma organização para combater o avanço sobre direitos e mesmo garantias sociais e constitucionais.
Não é o que se avizinha, lamentavelmente. O PT e seus braços sindicais estão paralisados. Alguns parecem que não entenderam ainda o som que a nova banda toca, tamanho o baque causado pelo golpe. O resultado dessa inércia e falta de força? Provavelmente em 2017, quando a chacina social for oficializada, o enfrentamento se dará via movimentos sociais. Sei que muita gente não gosta que se diga, mas o fato é que esses coletivos não têm ainda força suficiente nem capilaridade que dispensem a aliança com partidos estruturados em todo País. Não temos nem um incipiente Podemos, que, por sinal, é cada vez mais uma força institucionalizada no Parlamento da Espanha.
Enfim, a realidade está aí, para ser enfrentada. Dilma não voltará, a proposta de novas eleições nem sequer foi discutida e vem aí um inédito ataque a conquistas civilizatórias mínimas. Choro é compreensível para quem não se reivindica dirigente político. Tarefa de partido é apresentar ideias, propostas e maneiras de luta para implantá-las. A História não parou e nem vai parar e atropela quem não se mexe.