“Os estatutos do homem” e outros dois poemas profundamente humanistas de Thiago de Mello

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Em Conti Outra – Continue Sentindo

O muro invisível

É inútil minha palavras
ultrapassarem fronteiras
se eu ainda permaneço.




Muro invisível existe
entre o dizer e o fazer
e, talvez, à sua sombra
apenas envelheçamos.

Jamais saberá a relva
quando o orvalho descerá,
e é dádiva da terra
o que amadurece os frutos.

Sou qual ávida planície
esperando vir dos céus
a chuva fertilizante.
Entrementes, vejo flores,
sem saber se as colherei.

Livra-nos

livra-nos dessa sedução voraz
da engrenagem organizada e fria
que nos devora a todos a ternura,
a alegria de dar e receber
o gosto de ser gente e de viver.

É preciso ajudar.
porém primeiro,
para poder fazer o necessário,
é preciso ajudar-me, agora mesmo,
a ser capaz de amor, de ser um homem.
Eu que também me sei ferido e só,
mas que conheço este animal sonoro
que profundo e feroz reina em meu peito.

 

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