Vinicius Ghizini pelo Facebook –
Policiais aguardavam do lado de fora do restaurante. O suspeito, acusado e já condenado pelo olhar soberbo e impiedoso da denunciante era o garçon. Pairava um estranho silêncio e nervosismo entre os funcionários da casa que tinham dificuldade até mesmo em nos atender.
Comentei com minha companheira que a mesa que acabávamos de ocupar estava estranhamente vibrando, mexemos nos bolsos, olhamos pro chão, mas deixamos por isso.
Minutos depois, ao nos oferecer o cardápio, o alívio tomou conta do garçom; um celular, daqueles iphones antigos, pululou de dentro do cardápio, vibrando mais que torcida brasileira em jogo de futebol feminino.
Ufa! Era um engano curioso e até engraçado, o celular apenas tinha caído de forma desapercebida dentro do cardápio!
Mas ainda surpreendente foi a reação da grande proprietária do aparelho de caçar pokemons. Nenhum pedido de desculpas, nenhuma compaixão, nenhum arrependimento pela falsa acusação. Saiu pisando duro e olhando cinicamente, duvidando da versão do trabalhador que eu havia acabado de testemunhar. Embora inocente, o garçom já havia sido julgado, condenado e nitidamente carregava esse peso. As marcas eram irreversíveis.
Ocorreu sábado, por volta das 14h em um restaurante de Americana, e ocorre todos os dias. Os herdeiros da Casa Grande, despossuídos e caricatos, não cessam de acusar, julgar e condenar sem provas a classe trabalhadora.