Os pezinhos do menino encontrado no barril e a banalização do mal

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Por Willian Novaes, compartilhado de Socialista Morena – 

A história dessa criança é um reflexo da desconexão da vida, do respeito e de tudo de ruim que passou a ser normal neste país

Uma história pode cortar o seu coração, tirar o seu sono, trazer do fundo da sua alma a raiva, a revolta e a vontade de praticar atos inomináveis. Grande parte desses sentimentos afloraram nas pessoas após ouvirem falar da história do menininho de 11 anos que passava os dias acorrentado num barril de ferro no puxadinho de um barraco em Campinas. Isso mesmo, em uma das maiores cidades do país, distante a menos de 100 quilômetros de São Paulo.




O pequeno contou atrocidades que nos causam repulsa e mal-estar, como comer fezes, casca de banana e fubá cru, e que estava há dias em pé, sendo que frequentou aquele local por anos, sempre nu, sem água, sem amor, sem compaixão dos pais. Ele não sabe coisas sobre o elementar da vida, como amar, ser amado, receber carinho e afeto. O garotinho tem os pezinhos pequeninos, inchados porque não podia nem sequer se sentar dentro do tonel onde era mantido; é franzino, desnutrido e relatou aos policiais uma rotina de sofrimentos e dor.

Ao ler, assistir, ouvir essa história, nos transformamos em outras pessoas; queremos repetir tudo isso com os responsáveis por tal tortura. Será que essa violência nos permite ser violadores de vidas? Ou esse absurdo nos isenta de punições?

A história dessa criança é um reflexo da desconexão da vida, do respeito e de tudo de ruim que passou a ser normal neste país. Ele sofreu horrores nas mãos do pai, da madrasta e da filha dela, como nos mais macabros contos de fada. Uma alma brutalizada, um corpinho maltratado, um exemplo vivo do que a maldade humana pode fazer.

Voltamos ao início. Ao ler, assistir, ouvir essa história, nos transformamos em outras pessoas; seja pela revolta que nos causa, pela raiva, pelo ódio, queremos repetir tudo isso com os responsáveis por tal tortura. Será que essa violência nos permite ser violadores de vidas? Cretinos? Ou esse absurdo nos isenta de punições? Os vizinhos se revoltaram e canalizaram todos esses sentimentos na destruição da casa do pequeno de 11 aninhos que se transformou num dos símbolos da pura, crua e nua maldade brasileira.

Os três adultos estão presos e contaram que fizeram tudo isso porque a criança é muito bagunceira.

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