Os sinais estão muito claros

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No último sábado, enquanto comemorava o aniversário de 50 anos de minha amiga Kátia, mulher de meu amigo Marcelo, com vários amigos e amigas queridas, em São Caetano, na grande São Paulo, a 834 quilômetros dali, em linha reta, em Foz do Iguaçu, Paraná, Marcelo Aloizio de Arruda também comemorava seu aniversário de 50 anos.

Por Ademir Assunção, compartilhado de Construir Resistência




“Vamos fuzilar a petralhada”

O bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, depois de deixar a mulher e um filho de colo em casa, invadiu a festa e matou Marcelo, tesoureito do PT em Foz, a tiros.

Isso todo mundo sabe a essa altura.

Também todo mundo sabe que no dia 5 de junho, pouco mais de um mês, o indigenista Bruno Pereira Araújo e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados no Vale do Javari, Amazônia. Seus corpos foram esquartejados, queimados e ocultados na selva.

Em 15 de junho um drone despejou “substância com forte odor” em um ato público de Lula e do pré-candidato ao Governo de Minas, Alexandre Kalil, em Uberlândia. Segundo a polícia, tratava-se de “um produto utilizado para atrair moscas”. Segundo comentários de presentes no ato, “veneno”.

Na última quinta-feira, o carro do juiz federal Renato Borelli, responsável pela prisão do ex-ministro da Educação e pastor presbiteriano Milton Ribeiro, foi vandalizado com bosta de animais, estrume, terra e ovos.

Na mesma quinta-feira, uma bomba contendo merda humana foi lançada no público que assistia ao ato de Lula na Cinelândia, Rio de Janeiro. Nesta aparição pública, Lula usou colete a prova de balas.

Em nenhum desses ataques viu-se o Presidente da República manifestar seu repúdio e determinar rigorosas apurações e punições.

Ao contrário: o Presidente da República escreveu neste domingo no twitter que “a esquerda é violenta”.

O mesmo Presidente da República disse, ainda em campanha, há quatro anos, no Acre: “Vamos fuzilar essa petralhada”.

O mesmo Presidente da República, quando ainda era um obscuro deputado pelo Partido Social Cristão, em 1999, disse em entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes do Rio de Janeiro: “Através do voto você não vai mudar nada deste país. Você só vai mudar, infelizmente, quando partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando pelo FHC. Não deixar ir pra fora, não, matando”.

O sinais estão claros há muito tempo e os atentados estão se sucedendo em intervalos cada vez mais curtos.

O que não está claro ainda é o seguinte: não há força jurídica, política, policial, econômica ou militar para colocar genocidas (ou, usando um termo mais atualizado: necropolíticos) autodeclarados atrás das grades?

Ademir Assunção é poeta, escritor, jornalista e letrista de música brasileira. Autor de livros de poesia, ficção e jornalismo, venceu o Prêmio Jabuti 2013 com A voz do Ventríloquo

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