Por Maiara Muraro, colaboradora do Bem Blogado –
No último Domingo aconteceu a glamourosa e mais importante premiação do cinema mundial. E, mais um vez, o Oscar nos revela um cenário semelhante a muitos dos demais vistos: nenhuma indicação de mulheres ao prêmio de melhor direção.
Desde o início da premiação, em 1929, apenas CINCO MULHERES concorreram ao prêmio na categoria de melhor diretor(a) (1977, 1994, 2004, 2010 e 2018).
Mais de 10% dos 100 filmes de maior bilheteria dos Estados Unidos foram dirigidos por mulheres em 2019, e ainda assim não houve nenhuma indicação feminina.
Greta Gerwig – Adoráveis mulheres, Lulu Wang – A despedida – e Lorene Scafaria – As Golpistas – foram um dos nomes com potencial de indicação mas sem protagonismo na premiação.
E o que isso significa? Que Hollywood não se importa com o protagonismo feminino ou com uma premiação mais justa. Hollywood não se importa de onde vem o dinheiro , desde que ele venha.
Para Hollywood o modelo de ser um líder é da figura masculina e esse modelo é lucrativo. Enquanto o machismo no glamour do cinema não for desconstruído, nós mulheres seguiremos sendo coadjuvantes.
Para suspiro, diante do cenário retrógrado, esse ano tivemos uma representação brasileira e feminina como indicação ao prêmio de Diretora do melhor documentário de longa metragem. Petra não ganhou a estatueta, mas representou o Brasil levando ao mundo a história da nossa política e seu incrível olhar diante do que vivemos.
O Brasil no Oscar é FEMININO e esse prêmio ninguém tira de nós.
Não retratamos minoria só com estatísticas de indicações femininas. Quando trata-se de temática racial, o assunto é ainda mais grave.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas tinha a meta de dobrar o número de mulheres e minorias de seus membros em 2020, mas atualmente 68% da organização é composta por homens e 84% por brancos.
Não temos números que retratem equilíbrio. E sem dúvida há ainda muito caminho para se percorrer.
Até lá, seguimos na luta e com suspiros de esperança ao ver mulheres como Petra e Natalie Portman utilizarem suas posições ali privilegiadas sob a mídia, para gritarem para o mundo o que todas nós gostaríamos de gritar: Reconheçam nosso espaço! Somos tão grandes quanto vocês!!