Por Mario Marona, jornalista –
“Fábrica Americana” é um bom documentário, aborda questões importantes do novo mundo do trabalho, e tem a grife – apenas grife, não atuação direta – de Michelle e Barack Obama.
Não lhe faltam motivos para ganhar o Oscar, sendo o que é neste momento de bolson… digo, trumpismo troglodita na Casa Branca.
Mas “Democracia em Vertigem” não é apenas um bom documentário – apesar e, diga-se, justamente por casa de sua narração em tom parcialmente pessoal.
É um filme importante neste momento em que o mundo e, muito especialmente, a América Latina, vivem sob a ação institucionalmente violenta e socialmente desumana do neoliberalismo – no caso do Brasil, paradoxalmente aliado ao neofascismo.
Por isto, merece o Oscar, se a academia pensar grande e com visão geopolítica.
Mas pode ser esperar demais de quem já premiou Kramer x Kramer…
E há dois documentários sobre a Guerra na Síria, um deles, “For Sama”, de Waad Al Kateab e Edward Watts, também em tom pessoal, como o nosso candidato, com chances reais de vitória.
A verdade é que Petra Costa é nossa melhor representante possível em todos os tempos, mas o mundo está tão ruim, mas tão ruim, que não faltam tragédias para merecer este prêmio: a destruição do mundo do trabalho e dos direitos sociais, os golpes neoliberais na América Latina e na Europa, a geração da miséria de milhões de refugiados da guerra na África e no Oriente Médio…