Os números são estarrecedores: segundo artigo do jornalista Jamil Chade, publicado no portal UOL nesta quinta-feira (23), os US$ 120 bilhões de dólares que os EUA e a Europa destinaram à Ucrânia, na forma de dinheiro e armamento, equivale a três vezes mais o volume de recursos que a ONU considera necessário para enfrentar o flagelo da fome a cada ano.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Foto: Leonardo de França
“Com 40 bilhões por ano até 2030, a comunidade internacional erradicaria um dos maiores dramas que acompanha a humanidade em toda sua história”, acrescenta o jornalista.
Esses dados jogam ainda mais luz sobre o que vem sendo dito há muito tempo por ativistas dos direitos humanos, estudiosos, lideranças populares e do campo progressista, jornalistas da mídia independente e religiosos ligados à luta do povo: erradicar a fome no mundo é uma questão de vontade política.
Vontade que decididamente não se vê entre os capitalistas e governantes do Ocidente, que travam uma “guerra por procuração” contra a Rússia. Cegos pelo sentimento histórico anti-russo e por sua política expansionista, os chefes de Estado e de governo dos países da Otan não se dão nem ao trabalho de criar mecanismos de controle e fiscalização da montanha de dinheiro enviada a Kiev, cujo governo é sabidamente corrupto.
No caso do Brasil, chama atenção a naturalidade como a elite e a imprensa comercial encararam a volta do país ao mapa da fome da ONU, verificada durante o governo Bolsonaro. No fundo, a falta de indignação serve de biombo para a elite não reconhecer os méritos dos governos do PT, que lograram pôr fim ao sofrimento dos brasileiros que não têm o que comer.
Na campanha eleitoral de 2022, Lula não se cansou de repetir o quanto é inadmissível que um país como o Brasil, maior produtor de proteína animal do mundo e segundo maior exportador de grãos, convida com 39 milhões de pessoas passando fome e mais 60 milhões padecendo de algum nível de insegurança alimentar.
“Só a falta de vergonha na cara dos governantes pode explicar essa situação absurda”, dizia o então candidato Lula.
Moral da história: tanto faz aqui como em qualquer lugar do planeta, a fome não é um destino inexorável dos pobres da Terra, mas fruto do egoísmo e da falta de humanidade dos abastados e de seus governos.
Depois de 38 anos, o tema da campanha da fraternidade de 2023, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), volta a ser a fome. Nada mais pertinente.
E Lula repete seu lema do primeiro governo, elegendo como meta prioritária fazer outra vez com que todos tenham direito a tomar café da manhã, almoçar e jantar.
Há de conseguir.