Pela médica Antonieta Ozzett (Tui) –
Hoje, respirei fundo e fui (ao hospital). Estava com o coração sangrando, mas fui. Por quem perdi e por quem posso salvar.
Resiliência e fé. Vivemos num tempo em que Fake News são vistas como verdades absolutas e as lágrimas derramadas por algo verdadeiro e preocupante, talvez não deveriam ser expostas.
Vivemos na era da aparência, em que é mais importante “parecer” do que “ser”.
Quando a hipocrisia dos que apoiam o terror não suportam ver a dor que ele causa… num choro genuíno.
Eu choro, sim, eu sofro sim, mas estou na luta. Isso não me faz fraca, não me faz menor, só me faz humana.
Sim, eu sinto pelas perdas, mas também comemoro minhas vitórias.
Hoje, respirei fundo e fui. Estava com o coração sangrando, mas fui. Por quem perdi e por quem posso salvar.
Nada melhor do que o trabalho para honrar um ser humano especial que se foi.
E, depois de mais uma perda diante dos meus olhos, hoje fui abençoada com uma alta da UTI e três pacientes extubados com sucesso.
A equipe venceu! A fé em dias melhores venceu!
Hoje, senti o ar da vida, que me faltou ontem e me faltaria novamente se eu tivesse ficado em casa.
Chore e combata!
Mesmo com a dor ainda latejando, pela vida que escapou das nossas mãos ontem, fui impulsionada pela minha fonte de amor (minha família) e fui para dedicar a quem partiu, o meu trabalho de hoje.
E sabe o que eu mais valorizo na vida? A verdade! Ela é sempre o caminho.
*Doutora Antonieta Ozzetti é médica geriatra e trabalha no Hospital Beneficência Portuguesa e no Hospital das Clínicas, em São Paulo