Relatório que confirma a informação deve ser divulgado nesta quarta-feira (15)
Compartilhado de Diário do Nordeste
O poeta chileno Pablo Neruda morreu envenenado, há 50 anos, segundo afirmam peritos internacionais. A informação deve ser revelada nesta quarta (15) em um relatório indicando que a bactéria encontrada nos restos mortais do escritor “estava em seu corpo no momento da morte”, ocorrida 12 dias após o golpe militar de 1973 no Chile.
A agência EFE obteve a informação por meio da família do escritor, no que é considerado reviravolta em um dos grandes debates do Chile pós-golpe de Estado.
Até então, acredita-se que Neruda morreu de complicações decorrentes de câncer de próstata. Entretanto, o antigo motorista do escritor, Manuel Araya, já havia levantado especulação sobre envenenamento.
A bactéria, responsável pelo botulismo, foi encontrada em 2017 em um dente de Neruda. Na ocasião, um painel de especialistas descartou a versão da ditadura e rejeitou que a causa da morte fosse o câncer de próstata.
“Agora sabemos que o ‘clostridium botulinum’ não deveria estar na ossada de Neruda. O que isso significa? Que Neruda foi assassinado”, comentou Rodolfo Reyes, sobrinho do vencedor do Nobel de Literatura de 1971.
TOXINA BOTULÍNICA
Segundo o sobrinho, investigações podem esclarecer quem injetou a toxina no corpo de Neruda. Parte da família, segundo a agência EFE, acredita que um agente secreto do regime militar chileno se passou por médico e injetou a substância na barriga do poeta.
Elizabeth Flores, advogada da família, atua no caso desde 2011, com o apoio do Partido Comunista, do qual Neruda era membro. “Neruda não estava gravemente doente, só tinha câncer. Andava com dificuldade, sentia dores, mas não estava prestes a morrer”, disse ela.
A audiência para revelação do novo laudo pericial deveria ter ocorrido no dia 3 de fevereiro, mas foi cancelada duas vezes, após desentendimentos entre peritos e falhas técnicas.