Padre Júlio Lancellotti promove ato ecumênico pela Paz com rabino, sheikh e lideranças religiosas

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Evento aconteceu no último domingo (19) durante a tradicional Missa celebrada pelo padre católico

Por Simão Zygband , compartilhado de Construir Resistência




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Fotos: Wanderley Oliveira

O padre Júlio Lancelotti realizou no último domingo (19), durante celebração de sua tradicional missa dominical, que é transmitida para todo o Brasil, um ato ecumênico que reuniu o rabino Alexandre Leone, o sheikh Rodrigo Jalloul, o frei franciscano José Alamiro Andrade Silva, o presidente do Fórum Latino Palestino, Mohamad El-Kadri e outras lideranças comunitárias e religiosas

Na abertura, o rabino Alexandre Leone fez uma saudação: “Há uma expressão dos profetas que o profeta pergunta: mas qual é o jejum que Deus quer? Será simplesmente não comer? O jejum é mais do que isso. O jejum é parar de fazer violência. O Jejum da Violência. O Jejum também é parar de fazer injustiça. É o jejum da injustiça. O jejum também é parar de desumanizar. O jejum é o jejum da desumanização. Nós precisamos neste momento da história humana, do mundo, de reencontrar após todos estes jejuns, o jejum da violência, o jejum da guerra, para de fazer a guerra e encontrar formas de viver o cessar-fogo, em nome de todos aqueles que estão mortos, Em nome de todos aqueles que estão reféns, em nome de todos aqueles que estão machucados, injuriados, feridos, neste momento nas guerras pelo mundo, no Brasil, no Oriente Médio, na Ucrânia, onde quer que seja, nós precisamos neste momento de encontrar formas que, indo além do jejum, de celebrar a Paz, celebrar a nossa humanidade comum. Celebrar o fim dos preconceitos. Precisamos também o jejum do Preconceito. Para podermos encontrar simplesmente os seres humanos, homens e mulheres, uma forma de não viver esta desumanização crescente mas, ao contrário,  nos darmos as mãos, independentemente das religiões, das situações políticas, das condições culturais, sociais, irmos além e criarmos um mundo que seja aqui na Terra o Reino de Deus”.

Logo em seguida falou o sheikh Rodrigo Jalloul, que também realizou sua saudação: ” No momento difícil que estamos vivendo, um momento de desumanização, de mortes, conflitos, de tudo aquilo que a gente presencia nos tempos atuais, eu fico muito feliz hoje de participar de mais um encontro inter-religioso, na Casa de Deus, entre Judaismo, Cristianismo e Islamismo em meio a estas guerras do preconceito onde cresce o antissemitismo, a islamofobia que vemos pela falta de informação ou de informação deturpada que passa na mídia onde se cria uma grande desinformação, um grande atrito entre muçulmanos e judeus. São todos povos do Livro. E mais uma vez queria parabenizar o grande padre Júlio, que hoje, em meio a este conflito, está sendo aqui no Brasil, um grande elo onde a gente pode presenciar união de muçulmanos e de judeus através do cristianismo. E o profeta Jesus, como a gente sabe, é um profeta que está no Livro Sagrado, é um profeta que acreditamos que está vivo, que acreditamos que Ele volte nos tempos assim como os cristãos.  Sempre falo dentro do Islã, que temos três templos religiosos: primeiro é o nosso coração, o segundo a nossa casa e o terceiro é o templo religioso”.

E continuou: “hoje nós estamos aqui celebrando a Paz, com certeza por pessoas que tem seu templo interno, que é o seu coração purificado, obviamente com sua casa transbordando paz e por pessoas que têm o seu interior repleto de paz para chegar no terceiro templo, que é a Casa de Deus, destinada à palavra de Deus, onde a gente usa este espaço que o padre Julio cede para união, para a paz, unindo um rabino, um sheikh e irmãos muçulmanos que estão aqui presentes, como o irmão Mohamad El-Kadri, representando aqui uma luta grande do povo palestino, unindo todos nós com um único objetivo: buscar a paz e a humanização, o cessar-fogo, o fim das guerras, e a libertação de reféns, ao fim do genocídio do povo palestino e a priorização pela paz, pelo fim de qualquer tipo de morte ou extermínio de um povo.

Por que toda vida merece respeito e deve ser preservada. Todo sangue é válido perante Deus. Não existe um sangue menor ou maior. Isso a gente deve estar ciente. Não existe diferença de povos e raças. Deus é tão perfeito que se Ele quisesse, teria feito uma única religião com um único idioma e não haveria divergência de ninguém. Mas ele criou o milagre dos idiomas e através das religiões e dos seus caminhos, Ele ensina de diversas formas o caminho do amor, que é o que presenciamos aqui hoje. Que Deus abençoe a todos”.

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Ato ecumênico reuniu diversas lideranças religiosas
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Rabino Alexandre Leone
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Sheikh Rodrigo Jalloul

Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. É de ascendência judaica e defensor da Paz

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