A Polícia Federal investiga a origem de 18 focos de incêndio suspeitos de ação criminosa; 85% dos pontos de fogo foram registrados em áreas privadas.
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A informação é publicada por ClimaInfo, 03-07-2024.
O avanço do fogo no Pantanal não é resultado apenas das condições secas que facilitam a proliferação dos incêndios. Todos os focos registrados nos meses de maio e junho podem ter sido induzidos, especialmente em propriedades privadas.
O Valor destacou os dados do novo boletim “Combate aos incêndios florestais no Pantanal”, que traz atualizações semanais sobre a situação dos incêndios no Pantanal. Um dos pontos abordados é a origem potencial dos focos de fogo: não houve registro de incêndios causados por raios ao longo de todo o 1º semestre de 2024. Ou seja, todos os 3.451 focos identificados nesse período podem ter sido provocados por ação humana.
Na última 2ª feira (1/7), a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) confirmou que a Polícia Federal está investigando a origem de pelo menos 18 focos de incêndio no Pantanal. A suspeita é de que os focos sejam decorrentes do descontrole de queimadas praticadas ilegalmente, a maior parte (85%) em áreas privadas.
“A PF está fazendo a investigação, a maioria está localizada em propriedade privada. O que temos de concreto é que sabemos de onde saiu a propagação”, afirmou Marina. “E o que nós também estamos afirmando é que a história de que pode ser por raio, descarga de raio, não é [real]. É por ação humana”.
A ministra também ressaltou que eventuais culpados serão responsabilizados na Justiça. “Nós já sabemos de onde veio a propagação desse fogo. As pessoas serão identificadas, mas a investigação está em curso. Foram 18 focos de incêndio em lugares diferentes que deram início à propagação desse fogo”, disse. CartaCapital, CNN Brasil, Folha, g1, O Globo e Valor, entre outros, repercutiram essa informação.
Enquanto isso, especialistas ouvidos pela Folha ressaltaram a necessidade de um maior envolvimento do Congresso Nacional no enfrentamento ao fogo no Pantanal. Para eles, a resposta do poder público melhorou em comparação com 2020 e 2023, mas ainda não supera a necessidade de que ações preventivas e emergenciais se transformem em políticas públicas de estado – o que depende também do Legislativo.
“A gente precisa chamar o Congresso Nacional para sentar nessa mesa, apontar a responsabilidade pelo pacote de medidas antiambientais, conversar sobre o orçamento, dizer ‘vocês estão falhando, atuando ativamente para piorar o problema’”, observou Nauê Bernardo, do Observatório do Clima.