Compartilhado de Gazeta do Povo
Na foto Em entrevista concedida antes da sua internação por uma infecção respiratória, papa Francisco falou que “o lawfare abre caminho nos meios de comunicação”
Em entrevista ao canal argentino C5N, concedida antes da sua internação por uma infecção respiratória, o papa Francisco defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff (ambos do PT), dizendo que o primeiro foi condenado pela Justiça sem provas e que a segunda sofreu impeachment injustamente.
O jornalista Gustavo Sylvestre fez uma pergunta sobre lawfare, o conceito sob o qual a Justiça é utilizada para perseguir oponentes, e alegou que teria ocorrido esse tipo de perseguição contra Lula e os ex-presidentes de esquerda Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Cristina Kirchner (Argentina).
“O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal os desqualifica e metem ali a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do crime], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. ‘Onde está o crime aqui?’ ‘Mas, sim, parece que sim…’ Assim condenaram Lula”, respondeu Francisco.
O papa acrescentou: “Falando de Brasil, o que aconteceu com Dilma Rousseff?”. Sylvestre opinou que a petista sofreu impeachment em 2016 por “um ato administrativo menor”, ao que Francisco respondeu com elogios à ex-presidente: “Uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente”.
Francisco abordou também o conceito jurídico de Fumus Delicti (comprovação ou indícios de um crime), apontando: “Às vezes a fumaça do crime te leva ao fogo do crime, outras vezes é uma fumaça que se perde porque não tem fundamento”.
Sylvestre encerrou o trecho da conversa sobre o Brasil dizendo que “inocentes são condenados”, e o papa falou novamente: “No Brasil, isso aconteceu nos dois casos”.