Publicado no Jornal GGN –
Jornal GGN – O cientista político Fernando Limongi disse em entrevista ao jornal El País que as denúncias contra Eduardo Cunha (PMDB) denotam um posicionamento estranho por parte da imprensa – que não tem dado o devido destaque para o caso – e da oposição – que foca nos ataques à corrupção do PT no governo e ignora a descoberta de uma investigação contra o presidente da Câmara na Suíça, por lavagem de dinheiro.
“A denúncia contra o Cunha muda tudo. Força o PSDB a tomar uma decisão. Os tucanos namoraram o Cunha um pouco e com a reação dele à possibilidade de ser denunciado, foi acelerado a possibilidade de impeachment. O PSDB aceitou, participou. Agora o PSDB tem de decidir se é ou não o aliado dele”, disse Limongi.
Para ele, o PSDB tem de posicionar porque ajudou a “vitaminar” o poder de Eduardo Cunha, uma vez que o peemedebista é um dos principais atores de um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Agora, diante das denúncias, não só o tucano, mas também os movimento anti-corrupção precisam rever a postura. “O povo nas ruas também dizia que eram contra o PT porque eram contra a corrupção. Contra a corrupção do PT? Do Cunha não? Para eles, o Cunha tudo bem? Isso deixa claro quem são. Grupos políticos ligados à direita. Todo mundo disfarçando, dizendo que é movimento cívico. Mas é contra a corrupção ou não?”
Na visão do cientista político, “há um quadro estranho” hoje. “Quando Fernando Henrique Cardoso estava no poder, alguém tentou o impeachment dele. É algo despropositado. Mas tem sempre um louquinho falando de impeachment num Governo, e tudo bem. Mas agora, o que tem de diferente neste momento é que há um apoio institucional” por parte da imprensa, dos políticos e até de órgãos como o Tribunal de Contas da União (na figura de Augusto Nardes) e o Tribunal Superior Eleitoral (com Gilmar Mendes). “Há uma aliança muito estranha. Uma direita que se diz moralista, que faz aliança com quem explora a coisa pública para ter beneficio.”
Limongi ainda criticou o fato da Lava Jato – a operação e o noticiário – só dar visibilidade à possibilidade de corrupção eleitoral envolvendo o PT, quando o PSDB de Aécio Neves também recebeu doações das mesmas empreiteiras envolvidas no esquema da Petrobras.
“Um levantamento informal que fiz mostra que 67% do dinheiro que o PSDB recebeu é de grupos que também doaram para Dilma. Difícil dizer que só o PT se beneficiou de um esquema de corrupção enquanto o PSDB também recebeu. Foi muito dinheiro para os dois. Só a Dilma está pegando dinheiro ilícito? É difícil ir por aí. Tem dois mercados ligados a corrupção política que precisam ser regulamentados. A de empreiteiras e de propaganda oficial.”
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