Paranoia e canja de galinha

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Por Miguel do Rosário, O Cafezinho – 
buda-gigantePrudência, canja de galinha e um pouquinho de paranoia não fazem mal a ninguém.

Nesta segunda-feira, o clima golpista arrefeceu.

Mas eu só vou ficar tranquilo ao final de agosto, após a fase dos tapetões judiciais terem passado.




Uma pulguinha atrás da orelha me diz que eles puxaram o freio deliberadamente. Faz parte da estratégia esse vai e vem, para ir cansando, desgastando, e ao mesmo tempo preparando a opinião pública

Além disso, o golpe não pode parecer golpe.

Por isso agora eles concentrarão esforços para convencer a sociedade de que o golpe não é golpe.

Igualzinho fizeram em 1964.

Aécio Neves, em sua coluna desta segunda-feira, já deu o tom: “O golpe do golpe”.

A Globo segue a mesma linha, repetindo a fórmula bem sucedida do golpe de 64: os golpistas são os democratas, e os eleitos é que são os golpistas.

Então esperarão até agosto, quando voltarão com carga máxima.

Às decisões do TCU e do TSE se juntará a quinquagésima etapa da Lava Jato, a milionésima delação, mais algumas acusações contra Dirceu, outro tanto de fofocas sobre Lula, a mídia convocará uma grande manifestação de ódio e intolerância.

E pronto, o fruto do golpe estará maduro para ser colhido. Ou não.

Mas se eles oferecem uma trégua de algumas semanas, aceitá-lo-ei de bom grado.

O tempo é especialmente precioso para o campo progressista, porque nossa organização demora mais, por ser infinitamente mais horizontal e democrática.

O campo da reação, da direita, gosta de agir, ao contrário, no estilo “choque e terror”, com muita velocidade, porque este é seu trunfo: tem uma organização vertical, hierárquica, com um centro de comando unificado, que é a Globo.

A Globo, naturalmente, é a comandante do golpe.

As principais decisões, a principal narrativa, é contada pela Globo.

Tanto que a Folha, por exemplo, ainda simula um pouco de crítica, ainda oferece um pouco de espaço ao contraditório – só um pouco, o suficiente para não ser desmascarada – mas a Globo não.

A Globo é o golpismo em estado puro.

De qualquer forma, a máxima do blog agora é serenidade.

Gostaria de ter mais talento para o humor, mas farei o possível, com ajuda dos leitores.

Mandem-me piadas, memes, charges!

Tudo que for sarcástico, irônico, exagerado, cômico, hilário, etc, vale ouro neste momento!

E nos manteremos alertas, claro.

Não poderei mais usar, por exemplo, a máxima do Leminski: “distraídos, venceremos”.

Desta vez, ficaremos atentos aos mínimos detalhes.

A fórmula psicológica que seguirei será essa: uma paranoia light, ponderada com uma ironia moderada (muita ironia também atrapalha), e, sobretudo, serenidade.

Em tempos de golpismo, o blog se converte, provisoriamente, ao budismo.

A nossa luta não é apenas vencer o golpe e permitir que a vontade popular, exercida no voto, seja respeitada de uma vez por todas.

Nossa luta é também para nos mantermos espiritualmente vivos, prontos não apenas para o bom combate, mas sobretudo – e me desculpem o clichê – para sermos felizes.

Afinal, como explica Aristóteles, esse é o objetivo primordial da política: promover a felicidade do maior número possível de pessoas, incluindo aquelas que participam da atividade política.

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