Nesta segunda-feira, o clima golpista arrefeceu.
Mas eu só vou ficar tranquilo ao final de agosto, após a fase dos tapetões judiciais terem passado.
Uma pulguinha atrás da orelha me diz que eles puxaram o freio deliberadamente. Faz parte da estratégia esse vai e vem, para ir cansando, desgastando, e ao mesmo tempo preparando a opinião pública
Além disso, o golpe não pode parecer golpe.
Por isso agora eles concentrarão esforços para convencer a sociedade de que o golpe não é golpe.
Igualzinho fizeram em 1964.
Aécio Neves, em sua coluna desta segunda-feira, já deu o tom: “O golpe do golpe”.
A Globo segue a mesma linha, repetindo a fórmula bem sucedida do golpe de 64: os golpistas são os democratas, e os eleitos é que são os golpistas.
Então esperarão até agosto, quando voltarão com carga máxima.
Às decisões do TCU e do TSE se juntará a quinquagésima etapa da Lava Jato, a milionésima delação, mais algumas acusações contra Dirceu, outro tanto de fofocas sobre Lula, a mídia convocará uma grande manifestação de ódio e intolerância.
E pronto, o fruto do golpe estará maduro para ser colhido. Ou não.
Mas se eles oferecem uma trégua de algumas semanas, aceitá-lo-ei de bom grado.
O tempo é especialmente precioso para o campo progressista, porque nossa organização demora mais, por ser infinitamente mais horizontal e democrática.
O campo da reação, da direita, gosta de agir, ao contrário, no estilo “choque e terror”, com muita velocidade, porque este é seu trunfo: tem uma organização vertical, hierárquica, com um centro de comando unificado, que é a Globo.
A Globo, naturalmente, é a comandante do golpe.
As principais decisões, a principal narrativa, é contada pela Globo.
Tanto que a Folha, por exemplo, ainda simula um pouco de crítica, ainda oferece um pouco de espaço ao contraditório – só um pouco, o suficiente para não ser desmascarada – mas a Globo não.
A Globo é o golpismo em estado puro.
De qualquer forma, a máxima do blog agora é serenidade.
Gostaria de ter mais talento para o humor, mas farei o possível, com ajuda dos leitores.
Mandem-me piadas, memes, charges!
Tudo que for sarcástico, irônico, exagerado, cômico, hilário, etc, vale ouro neste momento!
E nos manteremos alertas, claro.
Não poderei mais usar, por exemplo, a máxima do Leminski: “distraídos, venceremos”.
Desta vez, ficaremos atentos aos mínimos detalhes.
A fórmula psicológica que seguirei será essa: uma paranoia light, ponderada com uma ironia moderada (muita ironia também atrapalha), e, sobretudo, serenidade.
Em tempos de golpismo, o blog se converte, provisoriamente, ao budismo.
A nossa luta não é apenas vencer o golpe e permitir que a vontade popular, exercida no voto, seja respeitada de uma vez por todas.
Nossa luta é também para nos mantermos espiritualmente vivos, prontos não apenas para o bom combate, mas sobretudo – e me desculpem o clichê – para sermos felizes.
Afinal, como explica Aristóteles, esse é o objetivo primordial da política: promover a felicidade do maior número possível de pessoas, incluindo aquelas que participam da atividade política.