Publicado em Brasil 247 –
“Parece piada. ‘Exigir’ que só tenha 51%! Além disso, a separação da parte militar ou é ilusória (mais provável) ou nociva, uma vez que, na segunda hipótese, impedira a sinergia entre os dois campos. É sabido, por exemplo, que o desenvolvimento do AMX foi fundamental para os jatos regionais da Embraer. Este é apenas um exemplo. As mesmas aeronaves utilizadas na aviação regional são utilizadas como ‘plataforma’ para os radares aerotransportados. E por aí vai”, disse o ex-chanceler Celso Amorim, ao comentar a venda da Embraer pela administração Michel Temer, que usurpou a presidência da República, no golpe de 2016.
Parece piada. ‘Exigir’ que só tenha 51%! Além disso, a separação da parte militar ou é ilusória (mais provável) ou nociva, uma vez que, na segunda hipótese, impedira a sinergia entre os dois campos. É sabido, por exemplo, que o desenvolvimento do AMX foi fundamental para os jatos regionais da Embraer. Este é apenas um exemplo. As mesmas aeronaves utilizadas na aviação regional são utilizadas como ‘plataforma’ para os radares aerotransportados. E por aí vai”, disse o ex-chanceler Celso Amorim, ao comentar a venda da Embraer pela administração Michel Temer, que usurpou a presidência da República, no golpe de 2016.
Leia, abaixo, notícia da Reuters sobre a “exigência de Temer” para que a Boeing tivesse apenas 51% das ações – o mínimo necessário para controlar a companhia:
BRASÍLIA (Reuters) – A Boeing terá uma participação de 51 por cento em uma empresa atualmente em negociação com a fabricante brasileira de aeronaves Embraer, informou o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, neste domingo.
A Boeing concordou com a exigência do governo brasileiro de que a empresa norte-americana não tenha mais do que uma participação controladora de 51 por cento, disse Jardim, sem citar fontes.
A Boeing não respondeu imediatamente a pedidos de comentários. A Embraer afirmou que não vai comentar a informação.
A Boeing procurou a aprovação do governo brasileiro para uma parceria com a Embraer que criaria uma nova empresa focadana aviação comercial, excluindo a unidade de defesa da Embraer, reportou a Reuters há três semanas.
O jornal Valor Econômico informou posteriormente que a proposta da Boeing daria a ela uma participação de 80 por cento a 90 por cento em um novo negócio de jatos comerciais com a Embraer. A Embraer é a terceira maior fabricando de aviões e alíder no mercado de jatos regionais com 70 a 130 lugares. Com o contrato proposto, a Boeing seria o líder do mercado de aviões menores de passageiros, criando concorrência mais forte para o programa de aeronaves CSeries projetado pela Bombardier do Canadá e apoiado pelo rival europeuAirbus. O plano inicial da Boeing para comprar a Embraer foi rejeitado pelo governo brasileiro porque este não queria uma empresa estrangeira controlando sua unidade de defesa por razões de segurança estratégica.
O governo mantém uma “golden share” na Embraer, anteriormente uma empresa estatal, que lhe dá poder de veto sobre decisões estratégicas, incluindo a aproximação da Boeing.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa brasileiro, Raul Jungmann, disse a repórteres que a Boeing entendeu a recusa do Brasil em desistir do controle da Embraer. Ele disse que as negociações sobre a criação de uma terceira empresa estavam avançando bem.