Por José Carlos Asbeg, jornalista e cineasta
Já vi várias definições de política. Algumas bem bacanas. Gosto particularmente de uma que ouvi da poeta Ana Terra: “sem política a gente não toma nem o café da manhã”. Política é como o ar que respiramos. Sem ele não vivemos. Sem a política não organizamos as sociedades.
Uma escola tem sua política educacional. Uma empresa tem sua política industrial. O sapateiro tem, o clube de futebol tem. Um jornal tem. Até os políticos têm. Todos têm.
Já ouvi também que política é o debate de ideias, é a formulação de princípios. Eu gostaria de pensar que é um grande estímulo à formação da consciência social de uma comunidade. No final das contas, a participação política de cada um define o grau de cidadania de uma sociedade.
Em Lisboa, há algum tempo, um grafite dizia: “paredes em branco, povo calado”. Um povo que não se manifesta é um povo dominado, que deixa que outros pensem por ele, se omite. Depois vive choramingando e reclamando da vida pelos cantos.
Mais do que a riqueza material, eu acho que uma sociedade próspera é aquela onde há cidadãos e cidadãs que saibam questionar, opinar, divergir e que ao cabo encontrem um ponto de concordância que consideram equilibrado para a boa convivência.
É assim que funciona a democracia. É assim que está na Constituição do Brasil.
Períodos eleitorais são chamados de ‘festa da democracia’. Eu preferiria que fossem a festa da cidadania. Onde cada homem e cada mulher fossem às urnas com a mais profunda convicção de seu voto. Escolha fundada no esclarecimento amplo e franco das ideias apresentadas e não na retórica vazia de acusações e intrigas.
Eu sei que vão dizer que sou um lunático, que nada disso se aplica ao mundo real, que o Brasil não está preparado e outros gracejos que dispenso. Mas se sem política não seguramos nem a xícara do cafezinho, sem sonho nem saímos da cama.
No dia 5 de outubro vou votar em Dilma, cheio de sonhos e de política.