Por Paulo Frateschi, professor –
O velho contava que no início do século XX os soldados eram recrutados nas regiões mais afastadas e necessitadas do país. Chegavam aos quartéis com graves deficiências. Os cabos e sargentos tinham enormes dificuldades em ministrar uma primária ordem unida.
Marcha compassada e comando cadenciado de direita e esquerda viravam uma bagunça. Qual era o direito é qual era o esquerdo? Era muito difícil acertar o passo.
Para conseguir avançar na instrução, amarravam
uma fita de pano no pé direito do praça e assim o
cabo trocava pelo comando – Ordinário, Marche! Pé
com pano – pé sem pano. Após um certo empenho
marchavam em ordem unida.
Daí Pra frente, aprendiam rapidamente como
funcionava a cadeia de comando e a cadeia do
posto de guarda. Aprendiam que o Exército existia
para defender a pátria.
Agora, no início do Século XXI, os convocados chegam
aos quartéis já alfabetizados e com acesso à tecnologia, Waze, GPS, e com certeza aprendem
rapidamente a marchar. A ordem unida no pátio
avança muito bem. Em compensação, daí pra frente, está tudo muito complicado. Nebuloso.
Ninguém sabe mais quem manda e quem obedece.
Generais de quatro estrelas não respeitam mais
as leis e a constituição para proteger milicianos.
Temos uma oficialidade que venera um capitão que
foi posto pra fora do Exército por insubordinação e
indisciplina. Oficiais muito influentes que desistem
da carreira nos postos de comando da tropa para
ocupar escrivaninha do terceiro e quarto andar do
Palácio do Planalto. Encontramos até comandantes
apoiando motins nas PMs.
Virou bagunça.
É pijama virando farda. É farda trocada por paletó
e uniforme de campanha só pra assustar e coibir o
povo.
O que será que um soldado de hoje acha de ter
um presidente Capitão que com certeza não precisou
de um pedaço de pano amarrado ao pé direito
para aprender a marchar, mas que o pano que ele
reconhece e reverência é o da bandeira de outro país
que quer dominar nosso povo e nossas riquezas?