PEC que permite Congresso anular decisões do STF ameaça democracia brasileira

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Proposta do bolsonarista Domingos Sávio (PL-MG) quer alterar o artigo 49 da Constituição Federal e dar poder aos parlamentares para derrubar decisões da mais alta corte do judiciário

POR FÁBIO SANTOS, COMPARTILHADO DA REVISTA FÓRUM




PEC que permite Congresso anular decisões do STF ameaça democracia brasileira
Domingos Sávio do PL de Minas. Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A recente proposta de emenda à constituição (PEC) 50/2023 começou a tramitar na noite de quarta-feira (27) tendo como autor o deputado Domingos Sávio (PL-MG). A PEC que propõe a possibilidade do Congresso Nacional derrubar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) de forma definitiva, levanta questões cruciais sobre a saúde democrática no Brasil. Essa iniciativa suscita preocupações profundas acerca do equilíbrio entre os poderes e a independência do Judiciário. Afinal, a Constituição de 1988 consolidou o STF como o guardião da Constituição, conferindo-lhe a função primordial de interpretar e zelar pela sua aplicação. A eventual aprovação dessa PEC poderia enfraquecer consideravelmente essa premissa, abrindo espaço para a politização excessiva das decisões judiciais.

Para compreender o cerne desse impasse, é crucial revisitar os ensinamentos de Montesquieu, filósofo político cujas ideias fundamentaram a divisão dos poderes no Estado moderno. Segundo ele, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário devem atuar de maneira independente, conferindo equilíbrio e impedindo a concentração de poder em uma única esfera. No Brasil, essa teoria foi incorporada à Constituição de 1988, tornando-se um dos pilares da democracia nacional. Nesse contexto, o Legislativo tem a função de criar e aprovar leis, o Executivo de implementá-las e administrar o país, e o Judiciário de interpretar e aplicar a lei. A autonomia do STF na interpretação constitucional é uma salvaguarda essencial contra eventuais excessos cometidos por outros poderes. Ao permitir que o Congresso derrube decisões do STF, a PEC em questão ameaça alicerces essenciais da democracia brasileira.

É crucial destacar a recorrência de tentativas de investidas antidemocráticas por parte de setores da extrema direita. O episódio de 8 de janeiro é um exemplo contundente dessa ameaça à estabilidade institucional. O atentado ao Capitólio nos Estados Unidos e os recentes eventos em outros países demonstram a urgência em preservar a integridade democrática. Estas tentativas revelam um desrespeito pela ordem constitucional e uma ânsia por concentrar poderes em um único grupo, minando os alicerces do Estado de Direito.

Diante desse cenário, é imperativo que a sociedade esteja atenta e vigilante para preservar os princípios democráticos que norteiam a República Federativa do Brasil. A democracia, ainda que frágil, é um bem precioso que deve ser protegido de qualquer investida que ameace seus fundamentos. A mobilização cidadã, a participação política consciente e o respeito às instituições são os alicerces para um país verdadeiramente democrático, capaz de superar os desafios e construir um futuro mais justo e inclusivo para todos os seus cidadãos.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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