Pediatra espera aprovação rápida da CoronaVac infantil no Brasil para acelerar vacinação

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A campanha de vacinação anticovid de crianças de 5 a 11 anos de idade foi aberta em todos os estados brasileiros, após semanas de polêmicas geradas principalmente pela posição do governo federal. O problema agora é a falta de doses da vacina da Pfizer-BioNTech, a única autorizada até o momento na população infantil, e a vacinação deve avançar lentamente. Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), prevê que se a vacina da CoronaVac for aprovada ainda este mês pela Anvisa seria possível vacinar com pelo menos uma dose todas as crianças.

Por:Adriana Brandão, compartilhado do site RFI




A campanha de vacinação de crianças começou em todo o país quase um mês após a aprovação do uso do imunizante da Pfizer-BioNTech na população infantil. Renato Kfouri lembra que, como em outros países, a Anvisa “cumpriu com todos os rigores de licenciamento necessários, exatamente como foram cumpridos os protocolos de segurança e eficácia em todas as faixas etárias”.

O médico critica as “novas tentativas de obstruir o processo científico” que antecederam a ampliação da imunização à população infantil no Brasil. Segundo ele, essas tentativas são feitas por “pessoas ligadas a grupos antivacinistas, os mesmos que defendem medicação que não funciona e o não uso de máscaras. É uma pena! Isso cria obviamente insegurança em muitas famílias, gera hesitação em vacinar, mas, felizmente, a população brasileira ainda tem uma credibilidade muito alta nas vacinas e vão vacinar seus filhos”. Mesmo assim, ele defende a necessidade de continuar informando e desmistificando “as notícias falsas que amedrontam muitos pais”.

Renato Kfouri, presidente do Departamenro Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria
Renato Kfouri, presidente do Departamenro Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria © Arquivo pessoal

Proteção direta

Renato Kfouri afirma que a nova etapa da campanha de vacinação já era esperada e que seus benefícios são inequívocos: “Já era esperado avançarmos na vacinação da população pediátrica na medida em que completamos a vacinação de adultos e adolescentes acima de 12 anos (…) Como estratégia de prevenção da doença e, principalmente, de novas ondas, a ampliação da base vacinada é uma necessidade de proteção direta para as crianças vacinadas e de proteção indireta, reduzindo as transmissões.”

Mas o principal objetivo da vacinação é a proteção direta contra a Covid-19. “Nós temos mais de 30 mil hospitalizações de crianças e adolescentes, mais de 2.500 óbitos, uma centena de mortes por síndrome inflamatória por complicação da Covid, temos uma morte a cada dois dias de crianças entre 5 e 11 anos de idade. Nós temos razões de sobra para vacinar nossas crianças e protegê-las de uma doença que faz mais vítimas do que todas as doenças do calendário infantil somadas juntas”, alerta o presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP.

Frear a atual alta de contaminação provocada pela variante ômicron seria um “bônus”. A vacinação infantil colabora na “redução da transmissão, mas não é preponderante”, informa o médico.

Vacina pediátrica

Renato Kfouri acredita que as cinco milhões de doses da vacina Pfizer-BionTech distribuídas em janeiro “serão suficientes para vacinar as crianças mais vulneráveis de 5 a 11 anos e quem sabe as crianças (não vulneráveis) de 9 a 11 anos. Em fevereiro e março, completaremos a vacinação com as 20 milhões de doses programadas para receber neste período”.

Ele defende a aprovação da vacina pediátrica da CoronaVac no Brasil. “Há a expectativa da aprovação da CoronaVac, que está em submissão pela Anvisa. Já temos aqui no país 15 milhões de doses em estoque para pronta entrega, ou seja, se a Anvisa entender que a CoronaVac preencheu os critérios e em breve liberar o seu uso, ainda em janeiro conseguiremos oferecer para 100% das crianças de 5 a 11 anos uma primeira dose da vacina Covid-19, o que seria absolutamente desejável em função da volta às aulas no início de fevereiro”, espera Renato Kfouri.

A vacina anticovid não é obrigatória e o Brasil ainda não adotou, como em outros países, o passaporte vacinal. Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (17) revelou que a grande maioria da população brasileira é a favor do certificado. O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP acha desnecessário um mecanismo de obrigatoriedade para as crianças frequentarem as escolas. “Punir a criança duplamente, deixá-la sem saúde e sem educação, seria um dano muito grande”, acredita.

Renato Kfouri, no entanto, acha “absolutamente adequado” a exigência do passaporte da vacina para frequentar ambientes fechados e turísticos. “Você não pode colocar em risco a saúde dos outros por conta de uma opção sua de não se vacinar”, conclui.

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