Sociedade viciada em autopreservação. Autopreservação entre muros. Autopreservação em conceitos. Autopreservação dos poderes. Autopreservação nos discursos. A formulação de qualquer crítica a ela recai num esquadrinhamento meticuloso de controle. Desenhado em todas as instituições, todos os lugares desse discurso. Qualquer transgressão a ela já não é vista como uma outra vivência, outra possibilidade, mas é colocada no campo do desvio, do outro, da vida nua, extirpada de direitos. Isto sempre ocorreu, em parte, agora porém o mecanismo de legitimidade do discurso hegemônico é sem precedentes.
A ideologia predominante penetrou de uma maneira tão abissal em nossas linguagem e semiótica, que o referente e o código não podem ser mais esmiuçados. A carga imago-linguística é tão grande que os elementos constituintes dela não podem ser outra coisa senão aqueles que o contexto massivo previamente determinou. Eles estão ali, na tela dos mecanismos de difusão informática. Eles ganharam lugar, todos os lugares possíveis. Há pouquíssima chance para o questionamento deles, nem na vida intelectual, cada vez mais mecanizada e voltada para os delírios de um mercado, muito menos no da vida pública.