“Pedro Almodóvar — O rebelde de La Mancha”, o grito espanhol da liberdade.

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Costumo dizer aos meus alunos que seria possível – e muito gratificante – estudar História utilizando somente o cinema como ferramenta pedagógica. Tal pensamento me foi reforçado esses dias, ao assistir o ótimo documentário “Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha”, que chega ao canal Curta! nesta quarta-feira, 17/04. Definitivamente, Almodóvar seria um capítulo importantíssimo a ser estudado, para quem se dispusesse a conhecer melhor a História da Espanha.

Por Celso Sabadin, compartilhado de Planeta Tela




Nos meus tempos de adolescente, frequentador assíduo do antigo Cine Belas Artes, o cineasta mais representativo da Espanha cujos filmes chegavam até o Brasil era Carlos Saura. Soturnos, densos e inspiradores, os filmes de Saura eram a representação simbólica e camuflada da opressora Espanha Franquista.

Após 1975, quando Franco morreu (e como foi tarde!), tudo mudou. Começa uma nova Espanha, livre da ditadura, alegre, moderna, colorida, debochada, na qual Pedro Almodóvar começa a despontar como seu legítimo herdeiro cinematográfico.

O longa “Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha” expõe com habilidade e precisão todo este processo de redemocratização espanhol, com precioso material de arquivo com registros raros de um Almodóvar ainda pré-cineasta, mas já engajado na cena artística e no movimento contracultural do país. Impossível não se encantar com as imagens da época em que Almodóvar era cantor de rock, e atuava travestido, debochando da antiga Espanha que, até há pouco, ainda punia a homossexualidade com prisão e choques elétricos.

Em poucos anos, ele se torna conhecido mundialmente por filmes como “O Que Eu Fiz Para Merecer Isso?” (1984), “Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos” (1988) e “Ata-me!” (1990) — apenas o início de uma trajetória bastante produtiva que viria nas décadas seguintes. O documentário, então, passa a se debruçar sobre os detalhes que são como uma assinatura da cinematografia de Almodóvar, sobretudo seu fascínio pelas cores e tons, sempre escolhidos com olhar minucioso, além da parceria consistente com Penélope Cruz e Antonio Banderas.

“Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha” explora também o lado mais socialmente consciente de Almodóvar e mostra como seus filmes exploram pautas como a liberdade sexual. Também mostra, em sua fase mais madura, uma preocupação genuína por questões políticas, como as consequências ainda persistentes da Guerra Civil Espanhola, que serviram como pano de fundo de seu longa “Mães Paralelas” (2022).

Dirigido por Catherine Ulmer Lopez, o filme também está disponível no CurtaOn – Clube de Documentários. Para assistir, basta acessar a plataforma no Prime Video Channels — da Amazon —, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn܂com܂br).

Além da estreia em 17 de abril, às 23h00, o filme  será reprisado em 18 de abril, quinta-feira, às 3h e às 17h00; 19 de abril, sexta-feira, às 11h; 20 de abril, sábado, às 15h30; 21 de abril, domingo, às 22h.

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