Por Pio Redondo, jornalista, no Facebook
A vida do Neymar daria um bom doc. Desde pequeno, criança mesmo, escravizado pelo desejo do pai e a vontade de ascensão da família, como é da ideologia do sistema.
Quantos de nós não passamos por isso, ou praticamos, pela falta de acesso à outra forma de educação, humanitária, uma formação para a vida adulta mais ampla, sem projeções de outrem?
Neymar também é ‘escravo’ dos sonhos e frustrações despejados no futebol, uma perda de tempo coletiva. Vai bem, palmas, não vai, escracho feroz.
Assim, transformou-se no ícone de um modelo sub-humano cuja essência é a ostentação e o consumo. Barcos, avião e tudo o mais são apenas os prêmios que o sistema oferece para quem ‘chega lá’, na sua medida.
Mais pra baixo pode ser a smartv de 40′, o último modelo da GM, a casa no mar, um diploma da USP na parede, o currículo na capa do face, um domingo no parque, um cartão personalizado na loja ou o prêmio de produtividade da fábrica.
Um alto cargo público também pode ser, enfim, essa coisa que nos faz sentir tão ‘especiais’.
Neymar chorou em público, desequilibrado, perdeu o senso, egóico, e por esses aspectos, dilacerado.
Pena que não tenha como se libertar do mundo reaça em que vive, alimenta, reproduz e propaga. Nem do gigantesco markenting ao redor do futebol. Nem queira, provavelmente.
Mas gostaria de saber, se um dia ele respondesse abertamente, sobre essa vida de apanhar desde criança e ter recompensas: exatamente o que será que exagera, quando grita?