Por Roberto Baraldi, Facebook –
Estou vendo pela televisão ao lado de amigos estrangeiros o comboio que transporta o ex-presidente Lula, agora já sob a custódia da PF. Explico que o ex-presidente, que eles lembram como alguém de alta reputação no exterior, foi condenado pela suposta propriedade de um apartamento de veraneio e de um sítio de recreio.País rigoroso quanto a seus usos e costumes, explico.
Meus colegas se espantam com a qualidade da via que o comboio segue. Explico que é a Via Anchieta, que, antes de ter sua gestão outorgada, já foi administrada pelo Dersa, empresa envolvida em operações pouco claras, cujo ex-diretor está detido por acusação de corrupção. O comboio vira à esquerda na avenida Tancredo Neves, indicando que seguirão para o aeroporto de Congonhas. O comboio passa pelo túnel Maria Maluf. Mãe de quem?
Os carros seguem e a TV mostra na tela a imagem de um ERJ 145, fabricado pela Embraer, estacionado em Congonhas. Lembro que o aeroporto é administrado pela Infraero, empresa citada em casos de corrupção. Também lembro que a privatização da Embraer, fabricante do avião, nunca foi uma unanimidade e que sua eventual venda à Boeing também não é do agrado de toda a sociedade brasileira. O comboio segue para a marginal em direção à sede da PF em São Paulo. Um colega me pergunta se a sede da PF não é próxima da sede da Federação Paulista de Futebol, que foi presidida por próceres como José Maria Marin, preso atualmente em Nova York por corrupção em escala global. Respondo que sim, é do lado.
Outro, que é advogado, pergunta se por acaso não é por aí que fica aquele edifício superfaturado do Tribunal Regional do Trabalho, construído pela construtora de um ex-senador da República. Respondo que sim, fica no mesmo quadrante da cidade. Todos fazem cara de que não estão entendendo direito o que está acontecendo.
* O título do texto é do Bem Blogado