Perícia não encontra prova de que acusado matou PM, estopim da chacina no Guarujá

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Laudo residuográfico realizado pela Polícia Científica nas mãos de Ericksn David da Silva, o “Deivinho”, preso por assassinar o soldado da Rota Patrick Reis, não encontra resíduos de disparo de arma de fogo.

POR VINICIUS SEGALLA, compartilhado da Revista Fórum




EXCLUSIVO: Perícia não encontra prova de que acusado matou PM, estopim da chacina no Guarujá
Ericksn David da Silva, o Deivinho, e o PM da Rota Patrick Reis. .Reprodução/Twitter e Divulgação/PM-SP

O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo realizou um exame para detectar a presença de resíduos químicos provenientes do disparo recente de arma de fogo nas mãos de Ericksn David da Silva (“Deivinho”), acusado pela Polícia Civil de ter atirado e matado o soldado da ROTA Patrick Reis, no último dia 27 de julho, no Guarujá, litoral de São Paulo.

O resultado do chamado Exame Pericial por Residuografia em Tiras nas mãos do acusado foi NEGATIVO. A Fórum obteve a íntegra do laudo – veja ao final da reportagem. O assassinato do militar foi o estopim para a operação da PM de São Paulo, estado governado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que resultou em pelo menos 16 mortes em duas comunidades da cidade da Baixada Santista. 

De acordo com o exame, o homem acusado pela polícia e pelo Ministério Público de ter assassinado o soldado da Polícia Militar com um tiro de pistola não teria efetuado qualquer disparo com arma de fogo em um período àquele em que foi realizado o exame (8 de agosto).

Um cartucho de munição consiste basicamente em uma cápsula de metal (quase sempre feita de latão, liga de cobre e zinco) contendo material propelente e uma mistura iniciadora (uma “espoleta”), com o projétil na ponta.

No disparo, a combustão do propelente cria o gás que vai impelir a “bala” na direção do alvo.

Durante este processo, rápido e violento, outras substâncias também escapam do cano, tais como resíduos sólidos do projétil e da detonação da “pólvora” e gases como monóxido e dióxido de carbono, além de óxidos de nitrogênio (nitratos e nitritos). Esses resíduos se espalham pelo ambiente, mas em geral se concentram no que está mais perto – a mão do atirador e sua roupa.

No exame residuográfico, tiras de papel são coladas na mão do suposto atirador e, posteriormente, submetidas a um reagente que detecta a presença de substâncias originadas do disparo de arma de fogo

É preciso destacar que a própria Polícia Científica, ao apresentar o laudo pericial de resultado negativo para disparo de arma de fogo por parte do acusado, ressalva que o teste não é absolutamente conclusivo:

 “Aplicando-se as técnicas adequadas e padronizadas, foi realizada a referida colheita dos materiais de ambas as mãos Sr. ERICKSON DAVID DA SILVA, SILVA, para em seguida, já acondicionados, ser realizado o exame de RESIDUOGRAFIA METÁLICA (cátion chumbo), pelo método de FIEGL-SUTTER. 

Laudo do Instituto de Criminalística (Reprodução)

Desde o início das investigações, acusado Erickson David da Silva afirma ser inocente e jamais ter realizado qualquer disparo com arma de fogo no dia do crime. Ainda assim, ele se encontra preso e já responde na Justiça por homicídio doloso. 

A principal prova apresentada pela Polícia Civil e que levou à sua denúncia é o depoimento de um traficante confesso que afirma ter sido Deivinho (e não ele, o traficante, que também era um dos suspeitos) o autor do disparo fatal.

No último dia 8, data em que foi realizado o exame residuográfico, a juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal do Foro do Guarujá (SP), acatou a denúncia do Ministério Público e tornou três suspeitos réus pelo homicídio do soldado Patrick.

Os réus são Erickson David Silva, conhecido como Deivinho, Kauã Jazon da Silva, irmão de Deivinho, e Marco de Assis Silva, conhecido como Mazzaropi (é este quem acusa Deivinho de ter atirado). Todos se encontram presos cautelarmente.

Veja a íntegra do laudo residuográfico apresentado pela Polícia Científica.

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