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Governo revisa dados e número de óbitos quase triplicam, passando dos oficiais 70 mil para mais de 180 mil. Mortalidade sobe para 551 mortes por 100 mil habitantes.
Após uma revisão de dados, o Peru voltou nesta segunda-feira (31/05) a ser o país com a maior taxa de mortalidade por covid-19 do mundo. Mais de 111 mil óbitos foram acrescentados ao total de mortos no país devido à nova metodologia adotada pelo governo, que quase triplicou o saldo no impacto do coronavírus desde o início da pandemia.
Para esclarecer o real impacto da pandemia, o governo peruano lançou em abril um grupo de trabalho técnico, formado por membros da sociedade civil e funcionários do setor da saúde. A equipe desenvolveu uma nova metodologia para a contagem de óbitos.
Até agora, o governo produzia um relatório diário de mortes causadas pela pandemia que incluía apenas óbitos de pacientes sintomáticos que testaram positivo para o vírus. Especialistas, no entanto, afirmam que esse tipo de abordagem gera uma subnotificação dos números.
Agora, o comitê técnico forneceu ao governo uma nova ferramenta de contagem de casos que utiliza o banco de dados do sistema nacional, mas o enriquece com outras informações. Além do teste molecular reativo para SARS-CoV-2, os especialistas acrescentaram seis outros critérios, incluindo casos suspeitos com quadros clínicos compatíveis com a doença, entre outros.
Foi com base na aplicação desta nova metodologia que o grupo de trabalho fez uma estimativa e apontou que 180.764 estava mais próximo do número real de mortes causadas pela covid-19. O número é muito maior do que os quase 70 mil óbitos registrados no último relatório oficial do governo.
Modelo para outros países
Com a mudança e a revisão dos dados, o Peru passou novamente a ser o líder da taxa de mortalidade pela doença no mundo, um recorde que o país chegou a manter em agosto do ano passado, durante a primeira onda de contágios.
A taxa agora subiu para 551 mortes por 100 mil habitantes, superando assim a taxa de países como Hungria e República Tcheca, que no início lideraram o ranking mundial, com taxas de 304 e 283 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Segundo a Universidade Johns Hopkins, o Brasil registra uma taxa de 219,28, a 10ª maior do mundo, se excluído o país nanico San Marino.
Após a apresentação do relatório, o ministro da Saúde peruano, Oscar Ugarte, afirmou que a nova metodologia é “um exemplo a ser seguido” e disse que pretende apresentar o modelo à Organização Mundial da Saúde (OMS) para que outros países possam enriquecer seus próprios dados.
Ugarte destacou ainda que o relatório final do grupo técnico não está dizendo que há mais mortes do que havia, mas que um número significativo delas não foi identificado como causado pela covid-19. “São identificadas como uma atualização das informações, e é assim que continuará a partir de amanhã”, acrescentou.
cn (Efe, dpa, Lusa)