Por Marcelo Auler, em Seu blogue –
Apenas transcrevo, com a devida autorização do autor, mais um belíssimo artigo do professor Afranio Silva Jardim, que nos leva a uma reflexão do risco que estamos correndo. Resta saber o que e como fazer, para não nos tornarmos “uma sociedade de idiotas, por várias gerações ainda”?
Na busca de ilustração para esta postagem, encontrei o site Jornal da Besta Fubana, onde, coincidentemente, um artigo do goiano Braga Horta fala sobre o mesmo tema, mas em outra abordagem: A geração de idiotas está chegando. Neste artigo, Horta afirma:
“(…) já estamos aptos a gerar uma geração de patetas. A dúvida é se eles já chegaram ou ainda estão para vir. Quero dizer: não sabemos se nossas crianças já estão emburrecidas ou se estão sendo preparadas para, em poucos anos, serem adultos pouco inteligentes, mas no passo que a coisa vai essa é a perspectiva”. Ao final, o autor sugere a sua resposta para uma parte da questão:
“(…) É o que se avizinha e que temos a obrigação de impedir que aconteça. Para que essas crianças possam manter-se em níveis de inteligência, capacidade, ética, honestidade, moralidade e criatividade semelhantes aos nossos será necessário que adotemos sérias providências para que elas voltem a, como nós, terem um nível satisfatório de contato social, ao invés de isolarem-se em si mesmos, como vem acontecendo! Só assim o destino previsto pela sentença de que está por vir uma geração de idiotas poderá ser evitado”. Uma questão, no mínimo controversa.
Perversidade da mídia e a sociedade ingênua
Afranio Silva Jardim (*)
Se aprofundarmos a nossa reflexão, vamos constatar algo bastante perverso e preocupante.
A grande imprensa, além de (de)formar a opinião pública, depois passa a dar publicidade daquilo que lhe interessa dizer qual seria a opinião pública, criando um círculo vicioso. Sem qualquer pesquisa séria ou científica, a mídia nos diz como pensamos, segundo seu desejo.
Em outras palavras, a mídia nos diz como devemos pensar e depois nos diz, cinicamente, como pensamos (ou melhor, como ela quer nos fazer acreditar de como pensamos). Trata-se de “propaganda da propaganda”…
Vale dizer, se não “pegar” em um primeiro momento, vai “pegar” no segundo. Ficamos acreditando que este é o pensamento dominante. Como diz o povo, “está tudo dominado”.
Desta forma, ficam acuados os poderes da república, mormente o Poder Judiciário.
Desta forma, a população acaba absorvendo a ideologia dos grandes grupos econômicos, que se fazem presentes na grande imprensa e “sequestraram” a nossa frágil democracia.
Trata-se do conhecido fenômeno de o dominado absorver a ideologia do dominante.Consciência crítica não interessa a quem tem o poder social. Eles precisam de consciências ingênuas que acreditam em tudo o que veem na perniciosa “telinha da televisão”. Por isso, alguns trabalhadores estão favoráveis às reformas trabalhistas e da previdência social, sem notar o quanto vão perder em termos de bem estar social.
Para distrair o povo e lhe tirar a consciência de sua triste realidade, a televisão privilegia a ficção, através de infindável série de novelas, todas trazendo “valores” que fazem as pessoas cultuar atores e “famosos”. Os pobres não sabem porque são pobres, apenas querem ficar ricos…
Enfim, ou se faz alguma coisa, pelo menos, a médio prazo, ou vamos ter uma sociedade de idiotas, por várias gerações ainda.
(*) Afranio Silva Jardim, Procurador de Justiça aposentado, professor associado de Direito da UERJ, Mestre e Livre-Docente em Direito Processual Penal (UERJ).