Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado
Cada dia, sabemos, vai parecer uma eternidade. A ansiedade não será domada nem com remédio, mas temos o melhor combustível para a luta: a tarefa de libertar o Brasil da corja fascista e corrupta que o governa hoje. Não será, evite o engano perigosíssimo e até irresponsável, tarefa fácil.
O genocida não está morto, mas, como diriam os antigos comunistas, as condições objetivas estão dadas para a vitória de Luís Inácio Lula da Silva, representando o campo popular e mesmo as forças que não pertencem a ele mas se somam diante do risco antidemocrático.
Existe uma euforia, compreensível emocionalmente mas não justificável racionalmente, sobre a possibilidade de Lula liquidar a fatura logo no primeiro turno. Não é o que a História e o bom senso apontam como mais provável.
O PT nunca venceu uma eleição presidencial sem ser exigida uma segunda votação. Nem quando Lula tinha aprovação estupenda. O PT, ainda bem, é dividido mesmo, representa os debaixo no País que costuma ser dirigido pelos de cima.
Lula pode triunfar já em 2 de outubro? Pode, mas o fundamental é que vença no final do pleito.
É lógico que o melhor seria derrotar o fascismo no primeiro turno, o que fortaleceria ainda mais o governo entrante. Mas a História registra, no final, quem triunfou, não importa se na primeira ou segunda rodada. O perigo é que a expectativa pela vitória em 2 de outubro, se não consumada, acabe transformando uma dianteira folgada em impressão de derrota.
Não, se não der para fazer a festa definitiva no dia 2, o relevante é que Lula saia dali com uma vantagem inalcançável para o segundo turno, para o 30 de outubro.
Senhoras e senhores, é hora de pé no chão. A mãe de todas as batalhas é tirar Bolsonaro. Se o caminho para isso exigir mais algumas semanas, paguemos. A palavra de ordem é vencer. Lula já foi submetido a segundos turnos e, depois, fez governos esplendorosos.
Na atual reta final, e no eventual segundo turno, a direita tende a se unir ao genocida que está no Palácio do Planalto, em sua maioria. Por isso, é até um crime considerar que a fatura já está liquidada. Não podemos acreditar nisso.
O jogo será imundo nas redes e nos templos, como estamos testemunhando com a atuação imoral e sem escrúpulos dos pastores milionários e picaretas. É só o começo.
Lula sabe desde sempre que a eleição não seria um passeio, ao contrário de alguns militantes ingênuos. Por ter consciência da dificuldade é que alargou seu palanque e foi buscar um candidato a vice-presidente que não é do campo popular, embora longe do fascismo, registre-se.
O Brasil passa por um fenômeno recente. Gostemos ou não, e não gostamos, o fascismo depois de muito tempo realmente conseguiu construir uma base popular aqui.
Além da elite sempre atrasada, uma classe média ressentida viu-se de fato representada pelo genocida, que espelha seus piores sentimentos. Mesmo derrotado Bolsonaro, o bolsonarismo não será sepultado. Os imbecis são milhões, lembrem-se.
Por tudo que está envolvido na disputa presidencial, não podemos descansar. Afinal, o que são trinta dias para quem sofre há quatro anos e está diante da ameaça de mais quatro com o fascismo legitimado pelas urnas?
Não, não é hora de pausas para festa. É mês de trabalho, nas ruas, nas redes conversando com indecisos (não perca tempo pregando para convertidos) e nos locais em que se ganha o pão. Serão os 30 ou 58 dias que salvarão o Brasil de milicianos, corruptos e medievais.