Pesquisa: 59% dos brasileiros defendem aumento da participação LGBT+ na política

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Levantamento em quatro países da América mostra que eleitorado brasileiro é o que mais apoia a presença de pessoas da comunidade em cargos públicos

Compartilhado de Projeto Colabora




Multidão na Parada do Orgulho em São Paulo: maioria dos brasileiros defende aumento de participação LGBT+ na política, diz pesquisa (Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil)

Mais de dois terços (67%) do eleitorado brasileiro defende que LGBT+ concorram e ocupem cargos públicos, de acordo com pesquisa feita em quatro países da América Latina. O Brasil se destaca não apenas por ser o país que mais apoia pessoas LGBT+ na política, como também o que mais deseja um aumento de representantes dessa comunidade – 59%. No total, a maioria dos eleitores (63%) de Brasil, Argentina, Colômbia e México são a favor da participação política de pessoas LGBT+.

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No recorte por gênero, brasileiros e, principalmente, brasileiras também se destacam: as mulheres brasileiras compõem o maior contingente de apoio à participação LGBT+ na política (65%); esse índice chega a 53% entre o eleitorado masculino. Entre a comunidade LGBT+, a porcentagem de apoio chega a 87%. A pesquisa, às vésperas do Dia Internacional do Orgulho LGBT+, mostra que, em relação ao aumento da participação de pessoas LGBT+ na política, o Brasil (59%), é seguido por Argentina (55%), Colômbia (51%) e no México (51%).

A pesquisa inédita sobre o tema na América Latina, foi encomendada pela fundação global Luminate ao Instituto Ipsos, que fez entrevistas online com 4.400 pessoas – 1.200 no Brasil, 1.200 no México, 1.000 na Argentina e 1.000 na Colômbia – entre os dias 27 de abril e 12 de maio. “As pessoas querem e merecem uma democracia verdadeiramente representativa, na qual todos e todas, inclusive as pessoas LGBT+, possam participar ativamente da construção de uma sociedade mais justa”, afirmou, em comunicado distribuído com a pesquisa, Felipe Estefan, vice-presidente da Luminate para a América Latina. “A versão da democracia que elas esperam ver no futuro inclui todas as cores do arco-íris.”

Apesar de ser o país com mais vitimas transgêneros, segundo a organização Transgender Europe, o Brasil também é líder entre os quatro países no apoio à presença de pessoas trans em cargos públicos: 57% dos entrevistados se disseram totalmente confortáveis, contra 49% na Argentina, 40% no México e apenas 37% na Colômbia. O eleitor brasileiro demonstrou níveis semelhantes de “conforto” com a presença de mulheres lésbicas (57%) e homens gays (58%).

O estudo ‘LGBT+ na política: percepções do eleitorado na América Latina’ revelou que o apoio à representação LGBT+ se baseia mais em uma crença na igualdade entre os indivíduos do que no diferencial em ter esses representantes em cargos políticos. No Brasil, embora a tendência se mantenha, o eleitorado é o que mais reconhece o valor específico da presença LGBT+ nos espaços da política institucional.

A proporção dos que defendem em algum nível que o mais importante é discutir e implementar pautas que promovam a igualdade, independentemente da orientação sexual ou da identidade de gênero, é de 60% no geral. No Brasil, é de 53%, o menor percentual, enquanto menos da metade dos latinoamericanos (47%) acredita que a falta de representação prejudica a garantia de direitos da comunidade. No Brasil a concordância sobe para 51% – ao menos metade dos brasileiros reconhece o vínculo entre participação e promoção de equidade.

Apenas 18% do eleitorado ouvido nos quatro países apoia que representantes da diversidade sexual e de gênero se dediquem exclusivamente a pautas LGBT+, sinalizando a expectativa de que esses políticos priorizem pautas mais amplas. “As pessoas LGBT+ enfrentam desigualdades, violências e discriminação na América Latina. Garantir sua participação na vida política é fundamental para evitar retrocessos e avançar na garantia de seus direitos”, diz Estefan. “Além disso, elas agregam perspectivas plurais a temas que interessam a toda a sociedade. Precisamos trabalhar coletivamente para que elas encontrem espaço nos partidos políticos, tenham condições de concorrer e ser eleitas e estejam seguras para exercer uma liderança que promova direitos e igualdade para todas as pessoas.”

A crença na igualdade entre representantes LGBT+ e não LGBT+ também fica evidente na pergunta sobre quais atributos seriam mais importantes em um candidato LGBT+ à Presidência da República. As respostas mais frequentes foram competência (23%), profissionalismo (22%), ética (20%) e abertura ao diálogo (10%), ou seja, as mesmas características esperadas de qualquer candidato.

Para 73%, pessoas LGBT+ e não LGBT+ são igualmente capazes de serem boas lideranças. Só 20% concordam que a orientação sexual de um candidato deve ser o critério para o voto. Apesar disso, preconceito e discriminação (49%) estão listados como os principais obstáculos à participação desta comunidade na política. No Brasil, 52% apontaram esses fatores, o que indica maior percepção do problema. Outros desafios seriam a falta de apoio de partidos (38%) e o receio de sofrer com represálias e ameaças (29%). Só 16% afirmaram que não existem barreiras.

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