Por Carlos Eduardo Alves, Facebook –
O site jornalístico Poder 360 publica hoje uma pesquisa presidencial. Algumas liminares: o instituto DataPoder 360 faz as entrevistas apenas por telefone, ao contrário de DataFolha e Ibope. Há bons argumentos contra e a favor dessa maneira de fazer o levantamento. Só tempo responderá a questão. Alguns resultados laterais são estranhos, como uma queda de 12% para 3% de Marina em apenas um mês sem que nenhum fato relevante tenha envolvido a ex-ministra. Mas a louvável tentativa de inserir um novo instituto de pesquisas eleitorais traz acima de tudo dados interessantes. Aos fatos:
1 – Embora seja tecnicamente incorreto comparar duas pesquisas diferentes (até em razão de uma incluir outros candidatos), o trabalho do Poder 360 chega ao mesmo intervalo do DataFolha do final de junho quando o concorrente é Lula, na faixa de 30% a 32%. A liderança consistente de Lula no primeiro turno reafirma que a condenação de Moro não teve influência alguma na preferência pelo petista. Pelo menos um terço do eleitorado é dele, Daí não cai, só cresce.
2 – Bolsonaro, que varia de 18% ( com Lula no páreo) a 27% (sem Lula) vai se consolidando não só como candidato da extrema direita como também do que era chamado de direita tradicional.
3 – Para terem alguma chance, os tucanos Alckmin (de 4 a 9% dependendo dos concorrentes) e Doria (sempre 12%) terão que obrigatoriamente roubar votos de Bolsonaro. O discurso terá que ir mais ainda para a direitona.
4 – Marina está mais uma vez emparedada. Queimada na maioria das esquerdas desde o apoio a Aécio, sem tempo de TV para campanha, terá que dançar miudinho para ser o “Macron” centrista de 2018. Pode ser a saída de antipetistas que não são tão de direita, mas o caminho não está fácil.
5 – Sem Lula, o que é o cenário mais provável, abre-se, pelo menos no quadro retratado pelo Poder 360, a porta do inferno para as esquerdas. Ciro chega no máximo a 9% e Haddad a 5%, na situação em que os dois se apresentam. Não foi testado um cenário em eventualmente o PT não apresentasse candidato, o que talvez inflasse os votos de Ciro.
6 – A pesquisa não contemplou a quase certeza de uma candidatura do PSOL ou de agrupamentos de extrema esquerda. Pelo histórico, porém, um concorrente nessa faixa ideológica tende a ser engolido em campanha e dificilmente passará de 3%.
7 – O óbvio se repete: Lula é o ponto central da política brasileira. O lulismo é incomparavelmente mais forte do que o petismo. Um apoio de Lula a algum candidato pode dar a chance de as esquerdas chegarem a um segundo turno.