Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook
A única, embora espantosa, novidade da pesquisa Ibope de hoje (20/08) é Lula. Daquelas situações de provocar diarreia coletiva em Curitiba e nas dependências das Organizações Globo. Consumo de papel higiênico aumenta tanto que preocupa o pessoal do Departamento de Compras. Aos nomes:
1 – Lula – Como abordado em posts anteriores, é absolutamente assombroso o desempenho de Lula. Embora não seja completamente preciso comparar com a pesquisa anterior do Ibope (a cartela de candidatos era um pouco diferente), o cara cresceu de 33% para 37%, preso há cinco meses e sem poder sequer gravar um vídeo para seus eleitores. Por muito pouco, não ganharia a eleição no primeiro turno. Plausível que, em liberdade, levaria em 7 de outubro com um pé nas costas. O golpe e as Organizações Globo fracassaram na tentativa de matar o ex-presidente politicamente. Até a rejeição baixou para aceitáveis 30%. Ele deve decidir a parada.
2 – Haddad – Só não estará no segundo turno se fizer uma campanha desastrosa ou a burocracia do PT boicotá-lo. O PT larga com 20% das preferências partidárias, lembre-se. Se o recado de Lula chegar ao fundo do Nordeste, não é absurdo supor que pode fechar a primeira volta na dianteira.
3 -,Bolsonaro – mantém-se firme na faixa de 20%. Tende a ter um desempenho ruim em qualquer debate que exija um pouco de raciocínio, mas seu eleitorado parece imune a isso. Dificilmente diminuirá muito, mas tem problemas para crescer. Já é o mais rejeitado. A dúvida, a favor dele, é se estaria havendo voto envergonhado que não se manifesta em pesquisas. No quadro de hoje, é favorito diante de Alckmin, Marina e Ciro para uma vaga no segundo turno.
4 – Marina – As pesquisas tem repetido que, HOJE, é a principal beneficiária do espólio lulista, o que deve ser neutralizado com a campanha de TV. Como o campo do levantamento contemplou dois dias após o debate de sexta-feira, é possível que marginalmente tenha colhido algum apoio depois da enquadrada em Bolsonaro. Seria uma surpresa chegar ao segundo turno.
5 – Alckmin – Não descartem já o candidato do PSDB. Está empacado, é verdade, mas todo o planejamento da campanha prevê crescimento após o uso do latifúndio de TV no horário gratuito. O marketeiro terá que fazer um pequeno milagre para levantar a candidatura de Alckmin, excessivamente marcado pelo jeito de paulista mala.
6 – Ciro – Três anos de campanha e resultado pífio até agora. A cada dia fica mais claro que, no caso da desejada união das esquerdas, o PT não tinha mesmo que ceder a cabeça de chapa para o pedetista. Ciro pode crescer, mas está cada vez mais difícil. Eventualmente, se beneficiará do provável esvaziamento futuro de Marina.
7 – Boulos – A menção é apenas por respeito à figura de um promissor líder popular. Exste alguma coisa de errado na campanha de Boulos. Em algumas pesquisas, ele chega a ter menos votos de que a candidata do PSTU, o que é obviamente irreal. Imaginava-se que pudesse chegar até a 3%, mas hoje Boulos corre o risco de obter percentual menor do que o de Luciana Genro em 2014, o que seria uma tragédia dada a diferença qualitativa imensa entre eles.
8 – É notável que quase dobre a taxa de brancos, nulos e indecisos no cenário em que Lula não está incluído (pula de 22% para 38%). A turma do jeca da toga alimenta a possibilidade de termos um presidente eleito sem legitimidade.
9 – No cenário sem Lula, aparecem alguns candidatos com 1% que desaparecerão até 7 de outubro, como os representantes de PPL, DC e PSTU.
10 – Sai um DataFolha quarta-feira. Se for em linha com o Ibope de hoje, confirmará que está aberta uma avenida para Haddad, a depender do engajamento do PT.