PF investigará policiais que criticaram Dilma e Lula na internet, diz Cardozo

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Por Vianey Bentes e Filipe Matoso, para o Portal G1 – 

Segundo ministro da Justiça, corregedoria vai apurar se houve ilegalidade. Críticas a petistas foram publicadas em rede social antes da eleição.

 O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (13) que a corregedoria da Polícia Federal investigará delegados que atuaram na operação Lava Jato e criticaram nas redes sociais o PT, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Cardozo, a corregedoria vai apurar se houve ilegalidade na atitude dos policiais.

Conforme o jornal “O Estado de S. Paulo”, as mensagens foram publicadas em perfis fechados, restritos a amigos. Um dos delegados postou antes do segundo turno da eleição, a seguinte mensagem: “Alguém segura essa anta, por favor!”, acima de uma foto de Lula. Em outra mensagem, um policial escreveu: “Acorda” e publicou link que direcionava para um texto com o título “Contas do PT em paraísos fiscais. Lula e Dilma sabiam de tudo”. Um post mostra imagens em que o candidato derrotado à Presidência Aécio Neves (PSDB) está cercado de mulheres e, acima da foto, a frase “Esse é o cara”.

Na avaliação do ministro, quem conduz investigações na Polícia Federal não pode “partidarizar” os trabalhos.

“É exatamente para verificar se houve alguma dimensão de atuação que fira a ética que a Polícia Federal fará uma apuração da conduta desses agentes policiais. Se, evidentemente, for comprovada alguma ilegalidade ou ofensa à ética, medidas serão tomadas. Caso contrário, por óbvio, não há que se falar em punições”, afirmou.

De acordo com o ministro, todo cidadão pode se manifestar livremente, e “pouco importa” se é favorável ao governo. Mas, na avaliação dde Cardozo, os delegados precisam ser imparciais. Para ele, os trabalhos não podem ser conduzidos a partir dos pontos de vista pessoais.

“Eu acredito que nós devemos ter uma peça para verificar a conduta que foi adotada no caso. Se a conduta legal foi respeitada, se não houve crença do delegado passada para a investigação, se a investigação não foi partidarizada, não há, obviamente, o que se falar. Caso contrário, medidas têm que ser tomadas para que a investigação tenha seu curso legal”, completou.

Ao defender imparcialidade dos responsáveis por conduzir os trabalhos da operação Lava Jato, Cardozo afirmou ter pedido ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que conduza a apuração para garantir que não ocorra “nenhuma nulidade” na Lava Jato em função das opiniões pessoais dos responsáveis pelos trabalhos.

Procuradores defendem delegados
Procuradores da República do Paraná que compõem a chamada “força-tarefa” da Procuradoria do estado nos trabalhos relacionados à operação Lava Jato divulgaram nota na qual manifestaram apoio aos delegados. A Lava Jato foi deflagrada em março pela Polícia Federal para investigar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

Na nota, divulgada na página do Ministério Público do Paraná, os procuradores ressaltam que expressar opinião no Brasil é constitucionalmente permitido e não afeta o conteúdo dos processos relacionados à operação.

“A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária”, diz a nota.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Ministério Público do Paraná:

Operação Lava Jato: Membros da força-tarefa do Ministério Público Federal manifestam apoio a delegados, agentes e peritos da PF

Os Procuradores da República membros da Força-Tarefa do Ministério Público Federal, diante do teor da reportagem “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede”, publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” nesta data, vem reiterar a confiança e o apoio aos delegados, agentes e peritos da Polícia Federal que trabalham nessa operação.

Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento.

A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária.

(13/11/2014)
Assessoria de Comunicação – Ascom
Procuradoria da República no Estado do Paraná

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