Deu um estalo. De onde vem essa história de apagão elétrico, cujo risco de ocorrer está em 17%, segundo especialistas que trabalham para as concessionárias de energia.
– Você sabe o que é SIN – Sistema Interligado Nacional? perguntei.
“Não”.
A jovem lê a grande mídia e assiste noticiosos da Globo. Mas se você quer exorbitar o tema ‘apagão’ nas reportagens, vai falar de tudo, menos explicar o SIN.
Trata-se de interligação, por meios de linhões elétricos de alta voltagem, esses das imensas torres, que levam energia gerada em determinado reservatório com água abundante para outros, de regiões diferentes do país.
Norte/Nordeste, Sul/Sudeste, Sul/Nordeste/Centro-Oeste, ou ao contrário, todos. Uma espécie de compensação.
Apesar do nível de alguns reservatórios ter chegado aos níveis de 2001, o ano do ‘apagão’ e racionamento tucano de FHC, neste 2015 o drama não ocorreu, em parte, por conta do SIN. Aliás, achei engraçado uma manchete que fazia a comparação dos baixos níveis, mas não indagou ‘o porquê de não ter acontecido?’
Primeiro, Dilma, ministra das Minas e Energia do governo Lula, travou em 2003 e 2004 um imenso e difícil embate com as concessionárias de energia, aquelas das estatais privatizadas por Serra e FHC, do jeito que o ‘Privataria Tucana’ relatou.
A nova regulação do setor impediu que a empresa dona deu uma geradora de eletricidade fosse a mesma detentora da transmissão, e da distribuição, como ocorria antes. Foi um quebra pau.
Dilma, respaldada por Lula, pôs fim a monopolização do setor, estabelecendo cláusulas de compromisso de geração futura, que dependia de novos investimentos das empresas donas das concessões.
Além disso, o governo passou a construir ou financiar linhões por todo o país, e reservatórios novos. Alguns, como Belo Monte, tiveram tantos entraves para obter licenças ambientais que a entrega das obras atrasou.
Mesmo assim, “os governos Lula e Dilma acrescentaram 48.866 MW ao parque gerador brasileiro, crescimento de 60% da disponibilidade de energia elétrica em comparação com a capacidade brasileira instalada em 2002”, segundo dados do Ministério das Minas e Energia.
A par disso, o país cresceu tanto no período, com o fim da maléfica gestão FHC, que o consumo de energia aumentou em proporção nunca antes vista – fábricas, escritórios, lojas, ou em casa mesmo. Dezembro de 2014, foi recorde da criação de emprego, que carreia consumo, que depende de eletricidade.
Nesse momento, hoje, o sul do país, Itaipu, tanto a cota brasileira, quanto a argentina e a paraguaia, países com os quais o Brasil tem créditos de permuta de energia, estão enviando eletricidade para o Sudeste brasileiro.
Fora isso, há termoelétricas, PCHs e energia eólica. Se chover bem em fevereiro e março, a situação se equilibra. Mas é claro que, neste caso, é preciso um olho no gato e outro no peixe.
Com a água em São Paulo ocorreu justamente o contrário, a Sabesp repassou para investidores R$ 4,3 bilhões, e não planejou nada. Caiu no contrapé, mas nós pagamos o mico.
Pois bem, no Fantástico de hoje, tentando explicar o risco, a Globo se vangloriou. “Essa é a primeira vez que uma equipe de TV entra na sala de controle do operador do sistema”. Mas, mesmo diante do painel do SIN, não houve uma palavra a esse respeito.
A informação obviamente foi omitida. Deliberadamente. Pauta dirigida é isso. Puro terror. Empresário passa a temer investimentos, adiam, a sociedade padece, e, politicamente, a Globo e o seu PSDB comemoram. Nem uma gota a mais que isso. Confira você mesmo:
http://g1.globo.com/…/equipe-